Outros Escritos Meus

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Município de Maraã!

Quem for a Maraã um belo périplo pode fazer, vejam, por exemplo, as 107 maravilhas que podem conhecer:

Nova Jeruzalém do Acará

São Francisco da Maria Santa

São Luiz Santo Antônio do Caixão

São Francisco Kanamaris

São Francisco do Manacabi

Porto Alegre do Japurá

Nossa Senhora de Fátima

Santa Tereza

São Pedro São Pedro do Jacitara

Santo Estevão

São Sebastião do Repartimento

São Sebastião da Maria Pó

Bom Jesus do Arauacá

São José do Maguari

São Francisco do Bóia

São Raimundo do Panauã

São Raimundo do Jaraqui

São Francisco do Capivara

São João do Capivara

Santa Luzia do Baré

São Francisco do Moura

Santa Rosa Capivara

Renascer do Miriti

São José do Capivara

Santa Rosa do Capivara

São João do Ipecaçú

São José II ou Samaria

Santa Marta do Atapi

São José do Messejana

Santa Maria do Cururu

Santa Francisco do Cururu

São Francisco do Jaraqui

Novo Putiri

Nova Betel

Vila Filadelfia

São Paulo do Coracy

Matuzalém

Nova Jerusalém do Aranapú

São José do Urini

Betel da Tambaqui

Vila Pentecostal

Vila Ebenézer

Nova Canaã

Jurupari

São Francisco do Mapitirini

Nova Betânia

Monte Sião

Vila Nova do Coracy

Santa Isabel do Cubuá

Vila Nova I

Porto Alegre do Copeá

Nova Esperança do Cuiu-cuiú

Boca do Tigre

Lago Maria Pó

Apara

Paraná Seco

Fortaleza I

Novo Jacitara

Curupira

Monte Alegre

Porto Alves

Boca do Auti-Paraná

São Francisco do Cubuá

Bom Futuro

Samaúma

Novo Pirapucú

Bom Socorro

Acará Velho

Piranha

Abacatal

Liberdade

São João do Cubuá

São Raimundo do Cubuá

Boa Vista do Joacaca

Nova Esperança do Joacaca

Novo Joacaca

Várzea Alegre

Acarazinho

Bom Jardim

Atalaia

Jubará

Patauá

Açaituba

Viola

Iracema

Vista Alegre

Belo Monte

Monte Carmelo

Comapara

São Jorge do Paracuúba

Boa Esperança

Bom Jesus do Baré

Ubim

Juazinho

Nova Esperança

Urumutum

Monte Ararate

Estirão do Itaúba

São José do Cuiu-cuiú

Vila Nova II

Dame

Ponto X

Vila Nova do Amanã

Boa Vista do Calafate

Nova Olinda

Surpresa.

Tudo fica em Maraã!

Inté,

Osório Barbosa

Mamãe e eu

O que você gostaria que sua família fizesse por você?



Esse foi o tema da redação do ano (1982) em que passei no vestibular na Universidade Federal do Amazonas.

Lá se foram 38 anos!

Menino, ainda guardo na memória que disse mais ou menos o seguinte:

"Que mais eu posso querer que minha família faça por mim depois de tudo que ela já fez e faz?

Somos muito pobre e, na medida de nossas forças, minha família me dá tudo que pode, eu é que tenho que pensar no que eu posso fazer por ela, daí o meu esforço nos estudos..."

Não lembro mais, mas sei que o peso da redação, que nem procurei saber depois da aprovação, que era o que me interessava na época, foi muito importante.

Hoje me deparo com um amigo de rede social dizendo em uma postagem que fiz o seguinte:

"Tantas mentes brilhantes por aí que poderiam mudar o Brasil ou o mundo, mas que não têm condições financeiras para estudar.

Bem que eu queria ter me formado em alguma área, porém eu não queria escravizar minha mãe."

Tal afirmação mexeu comigo e me fez lembrar do que eu disse acima e do que direi agora.

Depois que a minha mãe morreu, no dia dos namorados no ano passado, a minha irmã Júlia que cuidava dela veio passar uma temporada comigo aqui em São Paulo.

Conversando sobre nossas tristezas, eu disse à Júlia que não sabia se tinha feito o melhor por nossa mãe, então ela me diz:

"Cara, você fez o melhor que uma mãe pode esperar!

Nossa mãe não teve saúde nos últimos anos de vida, mas teve tudo que precisava para se tratar. Teve casa, carro, plano de saúde e alimentação. O que mais você poderia fazer?

Você fez o que pôde e estava ao seu alcance, portanto, não fique se cobrando por isso."

Esse dito da Júlia veio fortalecer o que eu imaginava ter feito, mas a gente deve sempre desconfiar de nossas opiniões, mas, quando a opinião vem de alguém que viveu a situação a coisa melhora muito!

Portanto, embora o que minha mãe fez por mim não tenha pagamento, eu, sinceramente, não entendo o que ela fez como uma escravidão minha para com ela.

É dever da família criar e educar seus filhos.

É dever dos filhos educados pela família manter seus familiares, especialmente pai e mãe.

Essa troca de vivência não é favor nem escravidão, é a única forma de perpetuar a própria vida.

Quando olho e vejo e agradeço tudo que minha mãe fez por mim, posso dizer, friamente, que ela fez o melhor “investimento” da vida dela!

Digo isso pelo que imagino e pelo que disse a Júlia!

Claro que se eu pudesse faria muito mais, mas, especialmente no caso da saúde dela, estava fora das minhas possibilidades.

Imagino o sofrimento que teria sido a vida da minha mãe, o meu, o de Júlia e de todos mais caso ela não tivesse investido em mim.

É melhor nem pensar, na verdade.

Portanto, amigo e filhos, não vejam como sendo a escravização da mãe de vocês o que ela faz hoje por vocês, pensem no dia em que ela venha a precisar e vocês não possam fazer nada!

Aí o mundo desaba!

A mãe faz quando ela ainda é nova e tem forças para lutar. Aproveite essa ajuda e retribua quando ela estiver velha e sem forças.

É o ciclo natural da vida. Só isso!

Obrigado, mais uma vez ao amigo por permitir que possa colocar no papel, pela vez primeira, essas lembranças dolorosas mas queridas da D. Rosa, que, onde estiver, certamente, não me desmentirá, pois
foi isso o que ela fez, e não eu!

Saudades sempre, mas com a alma leve, não por sua partida, mas por saber que, pelo menos, tentei ser e lhe dar aquilo que você esperava de um filho.

Inté,

Osório Barbosa

pastor alemao capa preta

Nosso cachorro Urso!

 

Meu pai, Juarez Barbosa de Lima, às vezes sumia pelo mundo sem deixar rastros!

Às vezes demorava pouco, outras vezes demorava muito em suas viagens.

Demorando pouco ou muito ele parecia não se preocupar com a sobrevivência de seus filhos, pois não deixava nem nos enviava dinheiro para nossas manutenções!

É que em um país capitalista não se vive sem dinheiro, mesmo que no meio da floresta amazônica.

Em uma dessas suas viagens, talvez a mais demorada dele, cerca de uns dois anos sem dar notícias, ele voltou para o Bom Futuro trazendo consigo uns peruanos que vieram para pescar.

Trouxe com ele um belo cachorro pastor alemão que recebeu o nome de Urso. Similar a esse capa preta da foto.

Urso era um cachorro criado em Iquitos, no Peru, e era acostumado a comer carnes!

No Bom Futuro não tinha carne todos os dias, só quando alguém ia caçar e conseguia abater e trazer algum animal da floresta (paca, tatu, cotia, anta, veado etc.) o Urso ficava sem comer peixes. Mesmo assim os pedaços de carne para o Urso eram contados, mínimos, já que muitos desses animais são pequenos (como é o caso da cotia) e, se muito fosse destinado ao cachorro muitos humanos ficariam sem o que comer.

Dava pena o sofrimento de Urso para comer peixes, o que fazia apenas quando devia estar no limite da fome!

Mamãe, tentando melhorar a vida do cachorro, fritava peixes com banha de boi para ver se ele comia, e foi assim que ele começou a comer peixes sem tanto sacrifício.

O Urso foi conosco para o Maraã.

Era o mais belo cachorro da cidade, pois era o único que não era vira-latas!

Papai quando saia de casa o Urso ia junto. Quando papai voltava o cachorro também estava ao seu lado.

Quando o cachorro voltava só, sabíamos que o papai estava bebendo. E quando papai bebia Urso deitava-se debaixo da mesa ou nas proximidades.

Às vezes Urso se levantava e ia até em casa. Rodava pela casa sem sossego, como a nos avisar ou a nos chamar para irmos buscar o pai – aliás, isso nunca foi preciso, mas Urso não sabia. Como não atendíamos ao chamado canino ele voltada para perto do papai e fazia a mesma caminhada várias vezes.

Era nosso vigia e protetor de total confiança.

Um dia papai, enquanto dormíamos, deu o Urso para um comerciante que passava pelo porto de Maraã.

Nunca mais vimos o Urso.

Um dia a mamãe, de passagem para Manaus, ao passar por um flutuante no porto de Tefé viu o Urso e chamou pelo seu nome. Ele ouviu e caiu na água e saiu nadando em direção ao chamado de sua antiga dona e protetora. Mamãe se desesperou, mas viu que alguém veio em uma canoa buscar o animal.

Nunca mais tivemos notícias do Urso!

Hoje, 15.01.20, aqui em São Paulo, quando se passam cerca de quarenta e oito anos sem o Urso, a Júlia, minha irmã, fritou um peixe e o nosso cachorro veio à minha mente de maneira tão saudosa, pesarosa e triste que fui às lágrimas.

Como papai pôde ter sido tão cruel conosco e com o Urso? Ou será que ele imaginou que fazia o melhor pelo cachorro dando-o a quem a ele podia dar melhor tratamento e conforto?

Não sei! Jamais saberei!

Mas disse à Julia que nunca senti tanta saudade emocionada do papai quanto senti no dia de hoje pelo Urso!

Júlia, ao comentarmos esta história de nossas vidas, também foi às lágrimas!

O almoço foi bom, mas a sobremesa salpicada dessa lembrança tirou um pouco da alegria sempre presente nas refeições.

Espero que, caso exista um céu para os homens, exista também um para os cachorros e que neste Urso esteja bem e comendo muita carne boa, pois na terra, até onde sei, e por um tempo, ele comeu a carne que o diabo amassou!

Inté,

Osório Barbosa

 

Legitimidade.

 

Quem quer que detenha o poder tende a justificá-lo.

Legitimar é, pois, justificar.

SP, 04.09.2001.

 Sua opinião e a cerveja

Você não quer a opinião alheia?

 

Ao ver a foto acima, com a frase nela contida, me disse: isso dá para escrever um texto legal.

Então fixei os seguintes pontos:

- as pessoas somente não gostam das opiniões que "lhes sejam desfavoráveis", foi um elogio elas se derretem!

- nem sempre o criticar é ruim para o criticado, pois as críticas costumam mostrar nossos erros e isso é uma bela oportunidade para nos corrigirmos.

- a crítica serve também para mostrar, muitas vezes, o despreparo do crítico! Muitos críticos são apenas imbecis!

- o dito homem público não pode dizer que "não pediu a opinião alheia", pois isso implicaria ele querer se colocar imune às críticas. O que é impossível por sua própria condição.

- pessoas "comuns" (em oposição ao homem público) que não querem receber críticas devem parar de usar as redes sociais, por exemplo, pois se fizerem tal uso estão se expondo, naturalmente, às críticas.

- se não quer ser criticad@, guarde para si, bem no fundo do baú, e trancado com oito chaves, suas fotos e opiniões (histórias, causos, mortes, aniversários, festas etc.).

- não quer ser criticado, não se exponha! Não entre nas redes sociais, por exemplo.

- não use roupas diferenciadas. Use roupas diferenciadas.

- não use acessórios. Use acessórios.

- não ria. Ria.

- peide. Não peide.

- não grite. Grite.

- dê esmolas. Não dê esmolas.

Fazer quaisquer dessas coisas, especialmente em redes sociais, é pedir criticas, e é o que está pedindo quem se expõe ao público.

Quem não se expõe, embora menos, irá receber suas críticas também.

Portanto, não peça críticas, que é o que está pedindo quem diz não está pedindo mas se expõe.

Resumindo: você não tem saída. Será, faça o que quiser, criticado.

Uma coisa que você pode fazer é estar preparad@ para responder por seus atos, aqueles que geraram a crítica.

Da crítica nem a morte te libertará!

Você está lascado, pois, respirou, ou até mesmo antes disso, basta que seja fruto de uma gravidez não desejada, por exemplo, já estará sujeito às críticas!

Então, não repita a frase sem sentido contida na foto.

Inté,

Osório Barbosa

Chico Buarque sabe cantar

 

Chico Buarque canta bem?

 

Ô reino onde a inveja humana está sempre na moda é o "reino do meio" dito artístico.

O artista é um ser humano com o dna da inveja turbinado.

As críticas à Lei Rouanet demonstram isso. Aquele que não é escolhido reclama da citada lei.

Ocorre que quem decide "financiar" um projeto pela referida lei é o empresário que vai pagar (ou iria pagar) o Imposto de Renda.

Se o empresário fosse burro não era empresário a pagar imposto de renda.

Pois bem, entre a Gal Costa e a Xinfronésia de Cabrobó o empresário vai escolher quem para divulgar o nome de sua empresa?

Fique com a resposta e não a equeça!

Voltemos à inveja artística.

Meu tio Osório, faz mais de quarenta anos, dizia que Chico Buarque é um excelente cantor, que canta muito bem!

Para o que ele, Chico, se propõe, interpretar suas músicas geniais e as de alguns poucos outros, segundo meu tio, ele o faz muito bem!

Sabe cantar, e canta muito bem!

Uma outra coisa é você comparar a voz do Chico com a de alguns outros gênios como, por exemplo, para mim, Nelson Gonçalves!

Nelson também sabe cantar e canta bonito!

Nelson tem uma voz, em termos de melodia e beleza, superior à de Chico, ninguém pode negar, mas Chico canta tão bem quando Nelson.

Nem vou falar de poesia musicada que aí Chico não tem concorrente e não é este o tema.

Fiquemos por aqui: o invejoso "se confundiu-se"!

Inté,

Osório Barbosa

Bosch O jardim das delícias

Bosch O jardim das delícias 2

Nada mesmo é novo no mundo!

Olhando o quadro "O Jardim das Delícias Terrenas" do holandês Hieronymus Bosch (deve ser o pai das ferramentas também!), criado entre 1503–1515 (quando o Brasil estava no "bieço" dos portugueses), percebi o detalhe que destaco da pintura.

E por que o destaque?

É que há pouco anos alguns fdp's ficaram estarrecidos com uma peça aqui em São Paulo onde os atores, nus, enfiavam o ou os dedo/s no ânus do colega da frente na roda em que formavam!

Ou seja, os estúpidos nunca admiraram Bosch (talvez a furadeira!) ou são apenas hipócritas cretinos.

Não sei e nem quero saber se um ramalhete de flores ou um dedo é ou não uma delícia em ânus, apenas não me espanto, admiro ou condeno quem se propõe a isso.

Maraã/São Paulo, 04.01.20.

Inté,

Osório Barbosa

eu mensagem de 2020

 

Porque me tornei um humanista!

 

Muitas vezes, na paz ou no desespero, me pergunto, como alguém, saído, literalmente, do meio da selva amazônica, filho de pai analfabeto e mãe semiletrada pode embarcar nessa nave frágil e bela, construída de cristal e papel crepom, a navegar por mares com suas águas revoltas e seus rochedos invisíveis, que é a defesa do ser humano?

Certamente que essa defesa intransigente me veio quando percebi a beleza, a fragilidade e a unicidade da vida.

Talvez o maior golpe de beleza me tenha vindo quando, ao meus 22 anos de idade, ainda muito pobre, vi uma mãe negra, desdentada, maltrapilha e que pedia esmolas juntamente com seus três filhos na Rua Nossa Senhora de Copacabana levantar-se da calçada acompanhada de sua prole e sair cantando ao seguir a banda que passava.

Era carnaval!

Já a unicidade me veio com a morte precoce de meu pai, ele tinha 51 anos e eu apenas 16!

Não apareceu outro Juarez em minha vida, mesmo eu esperando, até hoje aos 57 anos de idade, por sua volta!

Ainda espero encontrá-lo ao dobrar uma esquina, ou vê-lo caminhando pela rua enquanto me desespero para descer do ônibus em movimento para ir ao seu encontro, tudo para irritação do motorista e de alguns passageiros que não entenderão o que estará acontecendo na explicação breve e sem sentido!

Já a fragilidade da vida, que sempre esteve em meu raio de visão, a ele se chocou como um pássaro que estilhaça o vidro de um carro em movimento, no dia em que li sobre a brutal morte de um jovem que foi vítima de um ataque com um taco de beisebol no interior de uma livraria situada na avenida Paulista!

As perguntas que imediatamente me fiz foram:

- como pode isso ter acontecido?

- como alguém pode ser atacado com um taco de beisebol?

- como alguém pode ser atacado com um taco de beisebol no interior de uma livraria?

- como alguém pode ser atacado com um taco de beisebol no interior de uma livraria em uma das avenidas mais seguras da grande metrópole?

Não! Não! E não!

A vida, talvez por não ter nenhum sentido prévio tenha em si todos os sentidos!

Até hoje, desde que os registros começaram, nos debatemos sobre o sentido da vida, porém, melhor seria, se dialogássemos sobre os sentidos da vida! Embora isso nos metesse em um maior cipoal que aquele em que já nos encontramos, uma vez que ainda não fomos capazes de descobrir o sentido, imaginem os sentidos!

E certamente eles são plurais, eu não tenho dúvidas quanto a isso!

Temos, por exemplo, o sentido do viver como filho, viver como pai, viver como amigo, viver como estudante e tantos outros na mesma proporção em que são as máscaras que colocamos todos os dias para sermos os seres plurais que somos na interpretação de nossos personagens que nos permitem sobreviver e, assim, melhor, conviver!

A vida é uma nau sem rumo!

Ela pode nos levar aos paraísos, e eles são muitos, como também aos abismos, e estes não são menores!

Mas quem pilota as nossas vidas?

Qualquer piloto que tenha sido apontado é uma farsa!

Qualquer piloto que venha a ser apontado será uma mentira!

Mas os copilotos somos nós, os viventes, e isso é uma “certeza”!

Entretanto, o copiloto pode fazer muito, mas não pode fazer tudo para que a melhor trilha seja seguida!

A velocidade ou a falta dela, os buracos, os montes, o excesso ou a escassez dos ventos, tudo pode ser causa para um “eu devia ter feito diferente”, isso quando se tem tempo para refletir em como você poderia ter feito melhor, embora, nas circunstâncias iniciais de escolha sendo isso mesmo que você tenha feito!

O jovem morto no interior da livraria poderia ter ficado em casa para ir a um baile funk a noite em um bairro periférico de São Paulo. Se no baile fosse morto, como o Estado mata muitos, alguém diria: “ele estaria vivo se tivesse ido a uma livraria!”

Assim, nos encontramos em um beco sem saída, em uma “sinuca de bico”, como dizia meu pai quando ele, juntamente com amigos e eu jogávamos bilhar em pequenas mesas de oito bolas lá em Maraã nos anos 70!

Mas, embora eu ainda não saiba como me livrar das “sinucas de bico” da vida, tenho uma simples proposta:

Ame a vida, a sua e a dos demais.

Respeite a vida, a sua e a dos demais.

Queira viver, mas deixe os outros também viverem.

Ajude-se a viver.

Ajude os demais a viverem.

Faça o que entender melhor, nas circunstâncias, por si e pelos demais, mas, se não puder ajudar, se omita para não prejudicar outros seres humanos que são únicos, frágeis e irrepetíveis, tal qual você!

Inté,

São Paulo, 31.12.19.

Osório Barbosa.

Macaco azul juntas

Como criamos o mundo!

(O macaco azul)

 

Por volta de 2010, quando meu filho Osório di Maraã tinha cerca de quatro anos, mostrei-lhe a pintura retratada na foto que enfeita este escrito.

 

Eu já a conhecida de antes do nascimento dele.

 

Ela existia na parede de uma borracharia que fica na Praça 14 Bis, aqui em São Paulo.

 

Vejam que, na outra foto, atrás da borracharia tem um prédio e umas vigas expostas que formam "uma escada" gigante.

 

Então, contei-lhe a seguinte história:

 

" - Filho, você está vendo aquele macaco azul?

 

- Sim!

 

- Dia desses eu ia passando por aqui quando ele saiu correndo da parede e começou a subir aquela escada. Vês a escada?

 

- Sim!

 

- Pois é! Ele subiu muito rapidamente, mas de degrau em degrau!

 

Ele ficou espantado.

 

- Chegou lá em cima, colocou a mão espalmada sobre os olhos para empatar que o sol não deixasse ele ver direito. Olhou para um lado, para o outro, para trás, para frente. E, depois, gritou, várias vezes: "Osório", onde você está? Você ouviu ele te chamando?

 

- Não!

 

- Pois é, como ele não te viu, ele desceu lentamente pela escada e voltou para a parede de onde ele tinha saído! Você sabe o que ele queria com você?

 

- Não!

 

- Será que ele não estava com fome e queria banana?

 

- Não sei!

 

- Um dia a gente pára o carro aí e vai perguntar dele, certo?

 

- Certo.

 

O tempo passou e sempre que passávamos por lá ele lembrava da história ao apontar para o macaco azul.

 

O tempo levou-lhe a inocência. Ele já não prestava mais muita ou nenhuma atenção no macaco.

 

Um dia lembrei-lhe da história e ele disse:

 

- O senhor me enganava!

 

- Nunca, meu amor! Respondi-lhe. O papai jamais faria isso. O que fiz foi te contar uma história como aquelas que eu ou sua mãe líamos nos livros de histórias infantis para você!

 

Ele ficou desconfiado, mas concordou com um meneio da cabeça.

 

- Você, quando era criança, acreditava nessa história do macaco azul, não acreditava?

 

- Claro.

 

- Pois é! É assim que os homens inventam suas histórias, criam seus monstros, como a quimera, o dragão, o unicórnio, o centauro, o "Harry Potter, que você gosta, seus deuses e tudo aquilo que acreditamos que seja verdade, mas que não passam de criações artísticas de homens inteligentes, seja para distrair os outros homens, seja para enganá-los maldosamente.

 

- Entendi!

 

Recentemente, o Osório já com 12 anos, passando pelo local, ele viu que o macaco azul já não estava mais lá. Então, perguntou:

 

- Pai, cadê o macaco azul?

 

Respondi-lhe:

 

- Ou ele conseguiu fugir de sua prisão na parede para sua floresta ou uma mão de tinta de um caçador infeliz, que que não tem sensibilidade para conhecer a beleza o matou!

 

Nos calamos, mas o clima foi de tristeza banhada pelas recordações.

 

Inté,

 

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