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Devemos nos preocupar com os pobres?

 

Francesca

 

                                             (pode ser visto em: http://it.wikipedia.org/wiki/Flagellazione_di_Cristo_(Piero_della_Francesca).

Pierro della Francesca (1420-1492, Borgo Sansepolcro/Florença-Itália), pintou o quadro Flagelação de Cristo, que pode, na medida do impossível, ser assim retratado:

 

- “O quadro se divide em duas partes:

na primeira: Cristo aparece, ao fundo, como uma figura pequena e desamparada; está em pé amarrado a uma coluna, enquanto soldados romanos levantam seus chicotes para açoitá-lo.

Na segunda: A direita, em primeiro plano, pintados com cores vivas, aparecem de pé três dandis renascentistas conversando (sobre o quê? dinheiro? mulheres?). Os que conversam não prestam a menor atenção ao drama do que é açoitado atrás deles. Têm suas vistas separadas do sofrimento do Filho de Deus e obviamente não ouvem seus lamentos nem os estalos do flagelo.

O quadro revela um mundo em que os assuntos terrenos se têm em alta estima. O sofrimento de Cristo, ainda que não esquecido, se converteu em algo quase absurdamente pouco importante. O importante agora é a juventude, a beleza, as boas roupas, o dinheiro e o sucesso neste mundo (ou, pelo menos, é essa a noção que se extrai ao se observar o quadro de Pierro).

Os romanos, e especialmente os gregos antes deles, viram o mundo dessa maneira. Também eles amaram a juventude e a beleza, a saúde e o dinheiro. A Idade Média supôs uma mudança radical de prioridades, voltando-se para antigas preocupações. Foram muitas coisas que voltaram à vida com o Renascimento, porém esta recuperação de uns valores que já foram dominantes na antiguidade e foram propostos na Idade Média constituiu o núcleo do que renasceu no Renascimento”. (Charles Van Doren, Breve Historia del saber, Ed. Planeta, Barcelona, 2006: p. 205).

Esquecendo Le Goff, vamos dar crédito a Idade Média? Mas ela não foi a era do obscurantismo?

Vamos nos preocupar com os pobres? Por que? Eles não são um estorvo, como diz hoje o governador do RJ, que propõe o aborto como método de conter a violência, mas o propõe apenas para as mulheres da Rocinha, ou seja, para as pobres, já que rico não delinqüe?

O mundo da ciência do Direito não é kelseniano? Então, o que importa o conteúdo das normas? Elas não foram produzidas pela autoridade competente de acordo com os procedimentos constitucionais?

E o Luiz Francisco? Por que ele está encantado com o Fux? E por que Fux repete Luís Roberto Barroso? Barroso não é entusiasta do neo-constitucionalismo? E o que é o neo-constitucionalismo? Não é nome novo dado para algo tão velho quanto as informações que dispomos do passado da humanidade? Trazer a moralidade para o Direito não foi a defesa constante do dito Direito Natural?


 

 

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