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POESIA: deleite-se ou delete-me (03.03.12)

 

Caraos todaos,

 

É sexta e o calor infernal de Manaus que me persegue xegou a São Paulo!

 

Tá muito quente! Depois a gente toma umas e outras gelas e somos INngnorados!

 

 

A recompensa são as flores lilases!

 

Na estrada para o litoral norte tem umas flores lindas. A maioria são lilases com variedade na tonalidade (mais claras e mais escuras) e entre elas algumas brancas!

 

De modos que o calor tem suas belezas!

 

Ando atrasado com as Cartas para a Fernanda, por isso já fui cobrado por alguém que não é a destinatária, está aliás, deve estar feliz por não ser importunada.

 

Mas se não importuno a Fernanda, ela acaba me fazendo companhia! Agora mesmo, ao ir à livraria Cultura encontrei o livro: “ENSAIOS SOBRE O CONCEITO DE CULTURA” de BAUMAN, ZYGMUNT.

 

Mais voltando e justificando, se é que isso interessa, estou lendo um livro definitivo (ou quase) sobre os sofistas e estou tentando traduzir, daí...

 

A poesia de hoje, e tendo em conta o calor, vai na forma de imagens que o meu fornecedor de “besteiras” (adoráveis), Carlos Alberto Silveira da PR_AM, me enviou sob o título “assim você me mata” (estão, também, em anexo).

 

Curtam a sexta, pois a segunda logo xegará.

 

Abraços,

 

Osório

 

 

P.S.: Quem disse que poeta não sabe ofender? E quem disse que não é possível ofender com versos?

 

Vejam a briga abaixo:

 

Tece o poeta comentários sobre canalha perseguidora...



Por Frederico Barbosa

Introdução
O que o poeta quis dizer com isso?

Ou Hermenêutica da Composição

ou Eu acho que você está falando de/para/por mim... teje preso!

 

Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa.

Machado de Assis

 

Qualquer professor de literatura ou crítico literário empenhado em interpretar e analisar com complexidade a poesia, já escutou de alunos apressados e impacientes, ou de leitores ligeiros, esta desanimadora pergunta: “será que o poeta pensou em tudo isso mesmo?”ou suas variações: “mas será que o poeta quis mesmo dizer isso?”, ou ainda “no que será que o poeta estava pensando?”

 

A resposta sempre será: não importa. O que importa é o que o texto diz, ou seja, o que conseguimos ler no poema em si, e não no poeta. Afinal, só o que temos é a obra. Normalmente não se conhece o poeta e mesmo se o conhecemos, seria muito redutor querer que ele nos “explique” seu poema. O poema diz o que diz, o poeta não interessa, o que ele quis dizer, menos ainda.

 

Em 1845, Edgar Allan Poe escreveu uma exegese ímpar do seu poema O Corvo, intitula da Filosofia da Composição, no qual demonstra como imaginou, passo a passo, detalhe por detalhe, a estrutura do seu poema com o intuito fundamental de produzir maiores efeitos, causar maior impacto nos leitores. Diz o escritor americano no início do texto:


Tenho pensado quão interessante seria um artigo escrito por um autor que quisesse e que pudesse descrever, passo a passo, a marcha progressiva seguida em qualquer uma de suas obras até chegar ao término definitivo de sua realização. Seria, para mim, impossível explicar por que ainda não foi oferecido ao público um trabalho semelhante; mas talvez a vaidade dos autores seja a causa mais poderosa para justificarmos essa lacuna literária. Muitos escritores, especialmente os poetas, preferem deixar que acreditemos que escrevem graças a uma espécie de sutil frenesi ou de intuição extática; teriam verdadeiros calafrios se tivessem que permitir ao público dar uma olhadela por trás da cortina.


Pois Poe ofereceu isto aos seus leitores, e Filosofia da Composição se tornou uma das obras fundamentais para a modernidade entender a poesia. Eu mesmo, recentemente, quando indagado pelo poeta Edson Cruz como definiria a poesia, respondi, claramente inspirado em Poe, assim:


"Poesia é a palavra-impacto, é uma composição construtora de efeitos. É a linguagem organizada da forma mais meticulosa possível para fazer sentir."


Poucas reações à poesia são tão gratificantes para o poeta, portanto, quanto despertar um forte sentimento nos leitores e principalmente ver que muitos deles se identificaram com seu poema. Mas se um leitor paranoico não seguir o conselho de Machado de Assis e deixar que uma ideia fixa o faça crer que tudo o que um autor escreve é sobre ele, tal o grau de identificação pessoal com um poema, podemos ter um problema muito grande. Principalmente se a fixação deste leitor obcecado for destruir o autor do texto, ou mesmo se for um desequilibrado, como Mark David Chapman, que ao matar John Lennon se dizia motivado pelo livro O Apanhador do Campo de Centeio, de J.D. Salinger. Devemos, por isso, julgar Salinger ou seu personagem Holden Caulfield de alguma forma responsáveis pela morte de Lennon?

Algo semelhante tem ocorrido com o meu poema aqui publicado. Tem sido objeto de violentas críticas de um juiz que se diz aqui retratado, e que, para me destruir, expõe questões pessoais suas graves, tanto acerca de sua sanidade mental e capacitação profissional (pois para se identificar tem que se considerar “sem juízo”e “psicopata”) quanto da sua família, divulgando nomes, fatos e doenças que eu, que nunca privei da sua intimidade, jamais poderia conhecer ao escrever o poema. Voltamos ao tempo em que Bocage e Gregório de Matos, por escreverem poemas satíricos contra magistrados desequilibrados eram demitidos, exilados e presos?

Pois para esclarecer de uma vez por todas a questão, vou expor sucintamente o que me levou a compor o poema.

Comecemos pelo título, composto à moda das didascálias que antecedem os textos publicados de Gregório de Matos. Os poemas de Gregório, convém explicar, publicados séculos após terem sido compostos, não traziam títulos e sim breves interpretações acerca do seu conteúdo, chamadas de didascálias. Encontramos em Gregório:

  • DA CANALHA PERSEGUIDORA CONTRA OS HOMENS SÁBIOS

  • QUEIXA-SE O POETA QUE O MUNDO VAI ERRADO E, QUERENDO EMENDÁ-LO, O TEM POR EMPRESA DIFICULTOSA

a Sentença Revogada

por saber, que foi comprada

pelo jimbo, ou pelo abraço,

responde o Juiz madraço,

minha honra é minha Lei:

esta é a justiça, que manda El-Rei.

 

Misturei estes textos à minha percepção, cheia de paixão clubística, dos frequentes “erros” de arbitragem que eu, como palmeirense anti-corinthiano convicto, atribuo a uma ajuda descarada ao time do Parque São Jorge que atualmente se percebe no nosso futebol, (http://boulevardhaussmann.wordpress.com/2012/01/06/ex-arbitro-da-fifa-diz-que-comissao-de-arbitragem-pressiona-para-favorecer-corinthians/ ) à revelação dos escândalos de arbitragem na China (que adiante se explicará) e a campanha de juízes brasileiros para enfraquecer o Conselho Nacional de Justiça e cheguei a esta didascália para meu poema:


TECE O POETA COMENTÁRIOS SOBRE CANALHA PERSEGUIDORA E QUERENDO EMENDÁ-LA O TEM POR EMPRESA DIFICULTOSA OU DE COMO UM NOTÓRIO MALUCO SE TORNOU JUIZ E ANDA APITANDO POR AÍ OU AINDA UM PROTESTO CONTRA A DECADÊNCIA DA ARBITRAGEM NO FUTEBOL BRASILEIRO.

Ainda no tocante ao título, cabe acrescentar que usei, durante um bom tempo, para o poema que comecei a escrever há muitos meses, o título de
Futebol Maluco. Como era este o título original do arquivo que enviei a este Cronópios no mesmo dia em que foi publicado o poema, o editor Pipol, sempre atento, chegou a utilizá-lo, na primeira aparição do poema no site.


Vamos ao poema. O primeiro fragmento comenta a certeza de impunidade que caracteriza as ações tanto dos juízes de futebol quanto dos magistrados. Não creio que leitor algum se esqueça de que estamos vivendo um período muito interessante, em que privilégios abusivos dos juízes, seja no futebol ou no judicário, estão sendo a cada dia mais contestados: (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-cnj-e-a-impunidade-dos-juizes,752568,0.htm)

É curioso observar que a mesma discussão de juiz e juízo já aparecia, no contexto da discussão da crítica de arte, há exatos 20 anos, no dia 24 de fevereiro de 1992, no artigo que eu e o músico e artista plástico Carlos Fernando publicamos, no extinto caderno Mais! Do jornal Folha de S. Paulo, intitulado
Que Crítica? (http://fredbar.sites.uol.com.br/critica.html ), no qual lê-se a seguinte passagem:


Não parece haver resistência alguma à noção de que a crítica só tem razão de ser se proporcionar um juízo de valor sobre a conveniência ou relevância social da “postura” pessoal do artista, ou ainda sobre os efeitos de sua obra no comportamento e nos costumes. Artistas e público esperam do crítico endosso e encorajamento irrestritos ou veneno e escárnio. Permite-se que vista a toga de juiz do bem e do mal e aguarda-se a sentença sobre a validade do “conteúdo” da obra e o merecimento do artista. O que está em jogo é sempre a recompensa pessoal, o aval paternalista ao artista e, quem sabe, à sua obra, travestida de “mensagem”.


Já o segundo fragmento começa inspirado pela resposta que ouvi na televisão de um certo juiz de futebol, cujo nome me escapa agora, a uma questão sobre uma possível expulsão injusta (se não me falha a memória do atacante Émerson, do Corinthians): “Sou Juiz Fifa”. Ou seja, um juiz internacional não tem mesmo porque se justificar... Quanta arrogância... Quebrei a palavra para obter IN (na moda) e TER (referente à posse material). Sigo me referindo ao recém descoberto escândalo do apito na China. Tinha lido esta matéria em inglês e depois da redação do poema apareceram diversas notícias sobre o assunto na mídia. (http://www.ecns.cn/2012/02-15/8215.shtml) O termo Negócio da China aparece aí neste contexto, um negação do ócio, ou negócio dos juízes chineses para enganar o público e ganhar dinheiro. O leitor minimamente informado sobre os escândalos do futebol mundial certamente foi remetido a este triste episódio chinês.

Termina voltando à questão do abuso do poder pelos juízes, questão para a qual o país está enfim acordando. Ameaçar alguém de processo, usando a velha fórmula do “você sabe com quem está falando?” é uma das práticas mais nojentas que ainda resistem neste país.

Já a terceira parte do poema, toca uma questão de lógica interna ao texto. Se o juiz é “sem juízo” e “psicopata”, como poderia ter ingressado na magistratura, tão rigorosa em seus critérios de ingresso, ou mesmo nos quadros da arbitragem de futebol? Só se for pelo famoso Q.I. brasileiro, indicado por algum parente de amigo ou por algum influente juiz seu amigo... Lembrei-me de um comentário que havia lido do jurista Wálter Fanagniello Maierovitch sobre um assunto específico:

http://maierovitch.blog.terra.com.br/2009/09/07/vaga-no-supremo-candidato-adere-a-tese-de-anular-o-processo-do-mensalao-e-de-lalau/ Ecoavam na minha mente as palavras finais: “Esse é o nosso Brasil. Por ser nosso, convém resistir e não entregar.”

A quarta parte do poema surgiu do cruzamento de diversas ideias. Inicialmente pensei nos versos de Gregório de Matos:
Não sabem governar sua cozinha, / E podem governar o mundo inteiro. E imaginei o fracasso total da vida hipócrita do juiz arrogante se desmoronando na sua própria cozinha.

Como sempre o faço ao refletir sobre o desequilíbrio mental, pensei no conto que sei quase de cor que é o Sorôco, sua mãe, sua filha, de Guimarães Rosa. Este conto, que já utilizei como epígrafe do meu livro Louco no Oco sem Beiras – Anatomia da Depressão (2001) (http://louconooco.sites.uol.com.br/epig.html) , narra a história de um homem, Sorôco, que vai levar a sua mãe e a sua filha, loucas, até o trem que as conduzirá ao hospício. Um dos aspectos que sempre observei por meio do texto de Guimarães é que alguns homens são capazes, embora o texto de Rosa não diga isso explicitamente, de enlouquecer, literalmente, todas as mulheres com as quais entra em contato... Daí vêm a mãe e a filha do fragmento. A terceira mulher, pela lógica, seria a esposa. Logo, montei o cenário. Pensei na mãe do juiz de futebol, perseguida e xingada por todos, depois em uma cena de tragédia grega, a mãe do juiz sendo perseguida pela vaia da torcida (o coro) e depois no poder enlouquecedor da ação suicida. Um tragédia grega. Eurípides é culpado por toda mãe que mata os filhos? Ésquilo por todo fratricídio e Sófocles por todo filho que mata o pai? É bom lembrar o suicídio de Jocasta e que, segundo Freud, “a própria destruição de si mesmo pelo indivíduo não pode se realizar sem uma satisfação libidinal”.
A segunda mulher a aparecer é a filha e eu sei muito bem que um dos maiores fatores de culpa no ser humano é ver seus filhos sofrerem problemas psicológicos. Isto é geral e universal, não remete a ninguém em especial. Assim como um dos maiores temores de um homem tradicionalista, como um juiz que abusa do poder, é ser traído pela mulher, principalmente se for com outra mulher. A referência ao juiz ser trocado por outra retrata exatamente este temor. Em nenhum momento “xinguei” alguém de lésbica, como já foi dito. Em primeiro lugar porque eu não creio que dizer que alguém é lésbica é xingamento. Em segundo lugar porque esta leitura é absolutamente forçada e circunstancial. O texto é até muito evidente. Nenhuma mulher resiste sã à dominação de um poder patriarcal destruidor e castrador representado pelo juiz sem juízo. Inventei tudo. Não me refiro a ninguém. O que imaginei é plausível? Sim, se houver de fato algum ser assim tão maléfico. É pouco provável. Mas é ainda Freud que nos remete às três formas de figura feminina a que recorri no poema: “a mulher que o dá a luz, a mulher que é a sua companheira e a mulher que o destrói; ou que elas são as três formas assumidas pela figura da mãe no decorrer da vida de um homem – a própria mãe, a amada que é escolhida segundo o modelo daquela, e por fim, a Terra mãe, que mais uma vez o recebe.” (O tema dos três escrínios. 1911-1913 In: O caso de Schreber. Artigos sobre técnica e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 2006. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. XII, p. 325).
Os leitores do fragmento deveriam notar, eu esperava, que a dominante do texto é o corte da palavra OU nas várias afirmações, culminando com o verso OU POR OU... O que eu quis dizer com isso? É muito empobrecedor ter que dizer aqui, mas é fundamental para esclarecer de uma vez por todas que o meu poema não se refere a uma pessoa específica ou afirma verdades ou inverdades sobre ninguém. Vejamos o que o Dicionário Houaiss aponta com acepção de palavra OU:


Ou
Acepções
conjunção
1. conjunção coordenativa
serve para ligar palavras ou orações, indicando:
1.1. conjunção alternativa
alternância ou exclusão
1.2. conjunção alternativa
dúvida, incerteza

 

A conjunção alternativa OU pode indicar exclusão ou incerteza... ou seja, foi utilizada exatamente para marcar o fragmento com uma incerteza típica das fofocas, recurso muito utilizada pela “canalha perseguidora”a que se referia Gregório de Matos: OU, OU, OU POR OU... ou por outro lado... tudo pode servir para fofocas e maledicências. “OU não”? A frase marca a incerteza ou a dificuldade de se afirmar qualquer coisa com segurança.
Parece-me que a ideia fixa do leitor paranoico impede esta leitura. Mas os outros leitores são obrigados a seguir uma leitura obsessiva, dirigida por quem se julga o centro do texto?

O meu poema, neste fragmento, refere-se à sua própria dúvida e remete ao falatório que tipicamente assusta e enlouquece, quando transformado em fofoca maliciosa.
O último fragmento do poema aborda os juízes, aqui claramente de futebol, que impedem o jogo querendo aparecer mais do que os jogadores. Na China, têm-se atribuído o fracasso do esporte justamente à atuação dos juízes mal intencionados.
É possível ler qualquer poema ou romance
à clef, ou seja, buscar personagens reais inscritos na ficção. Aluísio Azevedo foi obrigado a fugir de São Luiz do Maranhão porque seu livro O Mulato (1881) ofendeu as figuras importantes da sociedade maranhense que se viram nele refletidas. Se era verdade ou não, hoje pouco importa, importa é que um grande autor foi perseguido por causa de sua obra por pessoas tão pequenas que não importam mais. Como Bocage, Gregório de Matos e todos os perseguidos pelas ditaduras do mundo inteiro. Fazer uma leitura egocêntrica, torta, atribuir-se todo o conteúdo do poema e por isso, julgar e condenar o autor é um dos atos mais autoritários, desmedidos e ensandecidos que já foram praticados pelos censores. Até quando alguns juízes de futebol ou não, irão continuar abusando do poder, da mentira e da maledicência insidiosa neste país? Quosque tandem?

Frederico Barbosa

20/02/2012

OBSERVAÇÃO

Antes de lermos o poema em si, peço ainda a paciência da leitura desta mensagem que enviei à revista Sibila, que só não diria que foi absolutamente ignorada porque recebi da direção da revista o seguinte e-mail: “Não se dirija mais à Sibila, por favor.”. Como tive meu direito de resposta cerceado, peço licença para reproduzir o e-mail enviado há dois dias para a Revista aqui.

From: Frederico Barbosa
Sent: Saturday, February 18, 2012 7:37 PM
To: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Subject: Um Poema

Senhores Diretores da Revista Sibila:
Solicito publicação
ipsis litteris, sem qualquer edição, deste meu texto:
Aos leitores da Rebista Sibila e principalmente àqueles que aqui escreveram:

Gostaria de esclarecer que:

1. Jamais escrevi qualquer resposta ao texto publicado pela Sibila contra a Casa das Rosas. Na nota que enviei a esta Revista, publicada com muito atraso, apenas contestava a atribuição de “resposta” a um simples poema satírico que publiquei em site literário.

2. O poema que publiquei no Portal Cronópios, que tem sido objeto de ataque de tantos que aqui escrevem, não é, e jamais seria, qualquer resposta a nada. Gostaria que os acusadores provassem cabalmente que o texto é uma resposta.

3. Trata-se um poema satírico, inspirado em Gregório de Matos, que sempre criticou os juízes. Neste caso, apenas atualizei para se referir ao futebol, como o poema deixa claro desde o título até o último fragmento. O poema não menciona ninguém em particular ou qualquer familiar de alguém específico. Se uma pessoa específica se julga atingida pelo poema, isto jamais pode ser culpa do poema ou do poeta.

4. Se alguém afirma que o poema é sobre si, é esta pessoa que está se dizendo “sem juízo”, “psicopata”, afirmando publicamente que conseguiu se tornar juiz de futebol com o auxílio de políticos e de outros árbitros importantes, e está, infelizmente, expondo a sua própria família. Gostaria, também, de solicitar, por mais constrangedor que seja, que prove que o meu poema é sobre a sua pessoa, e, portanto, assuma tudo o que o poema, uma ficção explícita, inventa. Será um grande exemplo de que “A vida imita a arte”, como já o colocou Oscar Wilde.

5. Quem confunde o público e o privado é a Revista Sibila. Repito que o meu poema não tem qualquer relação com a Casa das Rosas.

E assim, gostaria de solicitar aos leitores da Sibila que refletissem sobre isto: “Uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade.” Esta frase de Goebbels, sempre me vem à mente quando vejo ou sinto uma campanha de difamação e linchamento sendo orquestrada.


Frederico Barbosa


....................................................................................................

TECE O POETA COMENTÁRIOS SOBRE CANALHA PERSEGUIDORA E QUERENDO EMENDÁ-LA O TEM POR EMPRESA DIFICULTOSA OU DE COMO UM NOTÓRIO MALUCO SE TORNOU JUIZ E ANDA APITANDO POR AÍ OU AINDA UM PROTESTO CONTRA A DECADÊNCIA DA ARBITRAGEM NO FUTEBOL BRASILEIRO.


 

1.

o juiz sem juízo
desfere
psicopatadas
por aí

impune


2.

o juiz
se diz
isso e assim
(in
)ter(
nacional)

e (neg

ócio da china) ab
usa
do cargo:

"Eu te processo! Eu sou juiz."

 


3.

o juiz
se quis
juiz

apesar de falhar
no psicológico

uma ajudinha do político
pai de amigo
uma mãozinha de antigo
juiz escritor

juiz
se fez
juiz
fez es

candalosamente
ruim

como po
eta juiz e juiz pa
teta

4. (revista)*

a mãe do juiz
(primeiro escrínio)
(o coro se levanta)
zzzziiiiittttt
ou
ou
a mãe do juiz
(segundo escrínio)
ou
tudo
ou
torcido
ou
torcida
a mãe do juiz
(terceiro escrínio)
(salvo melhor juízo)
levanta as fúrias:
a família em segundo lugar!
depois da tradição
antes da propriedade


5.

só o juiz joga
e aparece?

o resto é falta e
prejuízo?

que juiz é esse
louco por apito?

inimigo do jogo
limpo (cheio
de étitica e pre
conceito)

a quem engana
o juiz sem juízo?

o des
informado
ou
o sem
caráter da hora?

(a bola ainda rola)

e no fim
(responda)
esse juiz
a quem engana?

*N.A. Como minha intenção nunca foi ofender ninguém, mudo este trecho do poema, em respeito a qualquer pessoa que possa ter se sentido ofendida com a versão anterior, às quais peço desculpas, reafirmando que não havia qualquer referência a pessoas específicas no trecho substituído.

 

Frederico Barbosa é poeta, professor de Literatura, organizador de oficinas de crítica literária e criação poética e performer de poesia, publicou oito livros de poesia, como Nada feito nada (1993, Prêmio Jabuti), Brasibraseiro (2004, Prêmio Jabuti), com Antonio Risério, e SigniCidade (2009), a coletânea Cinco séculos de poesia (2000) e a antologia de poesia Na virada do século, poesia de invenção no Brasil (2002), com Claudio Daniel. Foi curador da primeira biblioteca temática de poesia do país, a Alceu Amoroso Lima, em São Paulo. Durante alguns anos, foi crítico literário dos jornais Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo. É diretor da Casa das Rosas desde a sua reinauguração como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em 2004, e foi, entre 2008 e 2010, diretor-executivo da Poiesis – Organização Social de Cultura, que administra a própria Casa das Rosas, o Museu da Língua Portuguesa, a Casa Guilherme de Almeida e as Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

P.S.2: Há algum tempo venho tentando colecionar letras de músicas que tenham a palavra “cristal”, e para isso ia e estou pedindo ajuda de todaos.

 

A idéia veio depois de ouvir Hermes de Aquino dizer:

 

Eu sou como um cristal bonito, que se quebra quando cai”.

 

Julio Iglesias tem umas duas. José Luis Perales uma.

 

Pensava que somente eu gostava dessa maluquice, mas lendo a FSP, vi que Roberto Rodrigues também é xegado! Veja o que ele diz sobre “Lua e luar”.

 

Lua, luar

São tantas e tão belas as músicas que exaltam a Lua que seria necessário um livro para mostrar todas



Passei o Carnaval na roça e, mais uma vez, me impressionou a relação íntima do homem do campo com os fenômenos da natureza, que, ao longo dos tempos, foi formando uma "cultura", que passa de geração em geração, explicando fatos e até mesmo antevendo-os.


Floradas, forma das nuvens, reação dos animais, tudo explica alguma coisa. Mas a Lua é, de longe, o item mais observado: se existe um halo em volta da Lua cheia, pode esperar chuva em dois ou três dias, mas, se a minguante está parecendo um prato vazio, esqueça: seca na certa, porque o astro não vai "derramar" nada. E a influência dela no plantio, na castração de animais ou nos tratos culturais é, sem dúvida, crucial. E, na música, então...


Talvez por isso o grande Catulo da Paixão Cearense tenha sido tão incisivo: "Não há, ó gente, ó não,/ Luar como este do sertão./ A Lua nasce por detrás da verde mata/ Mais parece um sol de prata/ Prateando a solidão".


E vai além, insinuando que o cidadão urbano não tem a mesma sensibilidade do campeiro para com a Lua: "A gente fria desta terra sem poesia/ Não se importa com a Lua nem faz caso do luar".


Mas quantos outros poetas urbanos igualmente formidáveis e imortais celebraram a Lua? Pedi a alguns amigos que ajudassem a responder a essa questão, e encontramos dezenas, centenas de músicas exaltando a Lua e o luar.


E, aliás, em todas as línguas: lá estão em francês o "Clair de Lune", em inglês o "Blue Moon, em espanhol o "Contigo Aprendi" ("a ver la luz del otro lado de la luna..."). Mas são tantas e tão belas as músicas brasileiras que seria necessário um livro para mostrar todas. No entanto, algumas são fantásticas.

 

Orestes Barbosa escreveu "Chão de Estrelas", com uma estrofe que diz: "... a porta do barraco era sem trinco,/ E a Lua, furando o nosso zinco,/ Salpicava de estrelas nosso chão...".

Essa mistura de Lua com estrelas se repete em outras canções inesquecíveis. Cândido das Neves, vulgo Índio, tem uma passagem a respeito: "Lua, vinha perto a madrugada/ Quando em ânsias minha amada/ Nos meus braços desmaiou,/ E o beijo do pecado,/ O teu véu estrelejado,/ A luzir, glorificou".


Noel Rosa, em "Pastorinhas", também juntou Lua e estrelas: "A estrela Dalva no céu desponta/ E a Lua anda tonta com tamanho esplendor/ E as pastorinhas, pra consolo da Lua,/ Vão cantando na rua lindos versos de amor".


Portanto, também nas ruas, urbanas, a Lua é exaltada, como na melodia imortal cantada por Silvio Caldas: "A deusa da minha rua/ Tem os olhos onde a Lua/ Costuma se embriagar".


Quanta maravilha! Muitos outros tratam da Lua como se fosse um ser inteligente, agindo de forma emocional. Índio mesmo diz: "A estrofe derradeira, merencória/ Revelava toda a história/ De um amor que se perdeu/ E a Lua, que rondava a natureza,/ Solidária com a tristeza,/ Entre as nuvens se escondeu".
Já Orlando Silva, ao pedir que a Lua venha despertar a sua amada, sente-se observado por ela e chora: Canto e, por fim,/ Nem a Lua tem pena de mim,/ Pois, ao ver que quem te chama sou eu,/ Entre a neblina se escondeu".


Entre as nuvens, entre a neblina... E Ivan Lins entoa que: "Até a Lua se arrisca num palpite".
Sempre, sempre, a Lua tem sido e será fonte permanente de inspiração para apaixonados: "Poetas, seresteiros, namorados, correi,/ É chegada a hora de escrever e cantar,/ Talvez a derradeira noite de luar...".


Não, jamais, nunca haverá uma derradeira noite de luar.

Cely Campelo tomou banho de Lua, Rita Lee fez amor por telepatia na Lua que foi cantada por Gil, Caetano, Tim Maia, Chico, Lupicínio, Pixinguinha, João Bosco, Vinícius, Tom, Ary Barroso, Marcos Valle, Carlos Lyra, Dolores, Cartola, Gonzaguinha, todos os grandes.


Por isso, como diz Paulo Sérgio Pinheiro, em sua "Viagem": "Mas pode ficar tranquila,/ Minha poesia,/ Pois nós voltaremos,/ Numa estrela guia,/ Num clarão da Lua, quando serenar...".
Vamos esperar, sem esquecer o genial Nelson Cavaquinho, que decretou, definitivo: "O sol não pode viver perto da lua...".

 

ROBERTO RODRIGUES, 69, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula).


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