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Poesia: deleite-se ou delete-me (03.06.15).

 

Maraãvilhosos,

Borboleta 1d de demais

 

Eu, minha tatuagem e meu filho adolescente!

 

 

Sempre gostei de tatuagem, embora esse gostar não se externasse de forma profunda.

Meu tio Osório, que me deu seu nome, tinha uma na coxa, parte interna, da perna direita, creio. Era de uma sereia feita com picadas de agulha de costurar e tinta de caneta (a bic de 70 anos atrás! Imaginem a dor das picadas e a qualidade da tinta para os fins em que foi utilizada!). Foi a primeira tatoo que vi na minha vida. Tosca, mas marcante.

Não lembro quando, mas decidi que um dia faria uma tatuagem em mim mesmo, mas, quando da decisão, não fixei o tal “momento oportuno”. É que morava na provinciana Manaus e, sendo pobre, a qualquer hora teria problemas com a polícia e/ou para arranjar um emprego. Policiais não gostam de tatuagem nos outros “malandros”, apenas neles mesmos! Além do mais, tatuagem não é sinal de malandragem, embora a malandragem, muitas vezes, se utilize delas, mas o malandro não pode gostar do que é belo?

Temia também os possíveis futuros empregadores, pois estes costumam torcer o nariz quando veem seus futuros serviçais estampados com tatoos. Como se a tatuagem impedisse alguém de limpar os assoalhos e as botas!

Formei-me em curso de nível superior, Direito, e passei em concurso público capaz de garantir o meu sustento.

Vim morar em São Paulo fazer um mestrado quando já tinha dois filhos.

Aos 42 (quarenta e dois) anos de idade chegou o momento oportuno e, então, fiz a sonhada tatuagem! Fica na parte interna do meu braço esquerdo. É um coração com dois chifrinhos e um rabinho estilizado.

Eu, que morro de medo de injeção, sofri bastante. Não apenas com as picadas, mas com a coceira pós “furadas”/picadas, que não pode ser coçada! Sob pena de estragar a arte.

Tatuagem pronta para ser exibida, e foi, especialmente quando alguém perguntava qual o sentido da rua tal, certo dia liguei para minha mãe, em Manaus, e ela, alarmada, me disse: “O Juarez quer pintar o cabelo dele de vermelho, já pensou!?”.

Encerrada a conversa maternal, liguei para o Juarez sem imaginar como seria a conversa, embora pensasse que seria agradável, como de costume, pois a intenção não era falar apenas sobre a possível pintura do seu cabelo, mas das outras coisas da vida que sempre falamos, escola, saúde, mãe, Vasco, “se falta algo” etc. E a conversa filial foi agradável sim, exceto quando lhe perguntei sobre a tal pintura que ele pretendia fazer e ele, “dando uma voadora”, respondeu perguntando:

- Pai, o senhor não fez uma tatuagem?

Engoli a seco enquanto preparava uma resposta, que foi a seguinte:

- Pois é, filho, eu fiz! Mas me responte o seguinte: quantos anos eu tenho?

- 42, respondeu.

- E você?

- 13.

- Que série você está fazendo?

- A 8ª série.

- E o papai faz qual?

- O senhor já é formado!

- Você me sustenta ou é o papai que lhe sustenta?

- É o senhor que me sustenta.

- Pois é, filho! Então, quando você tiver 42 anos, estiver formado e se sustentar, você poderá fazer quantas tatuagens você quiser, assim como o papai fez. Eu não sou contra a tatuagem, tanto assim que fiz a tal tatuagem, mas veja que você mora em Manaus que, como toda cidade pequena e interiorana, as pessoas são preconceituosas e você ainda precisa delas para arranjar um emprego, se for o caso.

(Isso não quer dizer que não exista preconceito na megalópole São Paulo!).

A conversa encerrou-se ali e nunca mais falamos, pois não foi preciso, no assunto, nem ele pintou o cabelo!

Gostei muito do resultado da arte da minha tatuagem, consequentemente, dela, mas, “jamais” farei outra, tanto assim que, logo após a cicatrização encontrei o tatuador que a produziu, o qual, ao olhar o resultado do seu trabalho, disse-me que precisava retocá-la, ao que eu lhe respondi: nesse corpinho você não voltará a tocar jamais!

Sorrimos e cada qual foi para seu lado.

 

Até mais,

a beleza existe mesmo no que n presta(1)

A foto acima é uma prova de que a beleza existe mesmo naquilo que não presta (tabaco e álcool)!

 

Frase legal:

 

"Não critico livros de colorir para adultos. Todos os livros servem pra colorir a nossa vida de algum jeito”.         Autor: Roberto Algodoal Zabrockis Junior.

 

Abraços,

 

Osório

 

POEMEMOS:

 

Ás da aviação

o valente bem-te-vi

ataca o gavião.

(Caça e bombardeiro)

 

e,

 

Na corrente de ar

ascendente is urubus

vogam no vôo-à-vela.

 

e,

 

Na laranja e na couve

picada – as cores brasileiras

da feijoada.

 

e,

 

Chuva de janeiro:

o barco de papel

naufraga no bueiro.

 

e,

 

Se mira na poça

de lama do pátio

a lua vaidosa.

 

e,

 

Casa de cupim

na ponta de pau do poste...

Fósforo gigante!

 

e,

 

Pé de meia só

num galho o igapó:

ninho de japó.

 

e,

 

No pau da barraca

do circo o anão

amarra o seu pônei.

 

e,

 

Doce de carambola.

Até parece que estou.

Comendo estrelas.

 

Todos os poemas acima são de autoria de: Luiz Bacellar, Satori – Haiku, Travessia, Manaus, 2002, páginas diversas.

 

Na onda do Luiz, embarquei na saudade e escrevi:

 

Na piracema

o peixe voa

para dentro da canoa”.

 

Obs.: por “culpa” do Alfredo “Milkgrande” (a culpa sempre é dos outros!) ficamos fora do ar pelo fato da tecnologia da página está defasada em alguns milênios!

 

 

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