Maraãvilhosos,
Histórias de Maraã!
Hoje é aniversário de uma pessoa amiga, Lene Vaz Velozo, que nem tinha nascido quando aconteceu a história abaixo envolvendo seus pais.
Parabéns à Lene, que poderia nem ter nascido, caso eu e meus amiguinhos tivéssemos realizado nosso projeto.
Me disse a Lene que seus pais se casaram em 09.07.66. Se foi nesse ano que eles foram para o Bom Futuro eu tinha 6 anos de idade! Mas creio que tinha uns 7!
Ocorreu assim:
“Menininhos taradinhos”.
Morava ainda Bom futuro, tinha, portanto, cerca de sete ou oito anos de idade, quando lá chegou o casal recém casado Walmique de Moraes e Ednelza Vaz de Moraes, vindos ao Auati-Paraná (rio que liga o rio Solimões ao rio Japurá), creio que área pertencente ao Município de Fonte Boa!
O varão (como se dizia antigamente!) veio para trabalhar na construção de um barco, já que era um carpinteiro de primeira linha, embora a perfeição o consumisse e tornasse demorado por demais os seus trabalhos.
Ednelza, a varoa (feminino de varão, kkkkk) era muito bonita.
O casal, mesmo recém casado, brigava muito. Nunca vimos, mas presumíamos que trocavam safanões. A causa, só ela, que ainda vive, e Deus sabem, pois Walmique já nos deixou.
Um dia, eu e outros meninos quase da mesma minha idade, estávamos traçando um plano para matar o esposo e ficar com a mulher dele!
Walmique ouviu as tratativas sobre sua morte e ficou impressionado! O medo era tanto que, sempre que ele estava trabalhando ficava, constantemente, olhando para trás e para os lados para ver se não estávamos de tocaia ou nos aproximávamos às escondidas, traiçoeiramente.
Papai tentou acalmá-lo, mas ele resistiu!
Creio que nosso projeto incentivou o casal, especialmente a vítima Walmique, a mudarem-se para a sede do Município de Maraã.
Ficou a saudade de Ednelza que foi curada pelo tempo, esse solvente de todas as cores da vida!
Muitos anos depois, já em Manaus, para onde a família mudou-se, encontrei a filha do casal, a qual tinha conhecido ainda de “calcinha”, como se diz, em Maraã. É uma cópia da mãe quando jovem. Tentei me enxerir para o lado dela, mas ela não me deu bola!”.
(FIM).
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
(Escre)ver-me
nunca escrevi
sou
apenas um tradutor de silêncios
a vida
tatuou-me os olhos
janelas
em que me transcrevo e apago
sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar
Autor: Mia Couto, “Poemas escolhidos”, Cia das Letras, p. 111.