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Como criamos o mundo! (O macaco azul)

Macaco azul juntas

Como criamos o mundo!

(O macaco azul)

 

Por volta de 2010, quando meu filho Osório di Maraã tinha cerca de quatro anos, mostrei-lhe a pintura retratada na foto que enfeita este escrito.

 

Eu já a conhecida de antes do nascimento dele.

 

Ela existia na parede de uma borracharia que fica na Praça 14 Bis, aqui em São Paulo.

 

Vejam que, na outra foto, atrás da borracharia tem um prédio e umas vigas expostas que formam "uma escada" gigante.

 

Então, contei-lhe a seguinte história:

 

" - Filho, você está vendo aquele macaco azul?

 

- Sim!

 

- Dia desses eu ia passando por aqui quando ele saiu correndo da parede e começou a subir aquela escada. Vês a escada?

 

- Sim!

 

- Pois é! Ele subiu muito rapidamente, mas de degrau em degrau!

 

Ele ficou espantado.

 

- Chegou lá em cima, colocou a mão espalmada sobre os olhos para empatar que o sol não deixasse ele ver direito. Olhou para um lado, para o outro, para trás, para frente. E, depois, gritou, várias vezes: "Osório", onde você está? Você ouviu ele te chamando?

 

- Não!

 

- Pois é, como ele não te viu, ele desceu lentamente pela escada e voltou para a parede de onde ele tinha saído! Você sabe o que ele queria com você?

 

- Não!

 

- Será que ele não estava com fome e queria banana?

 

- Não sei!

 

- Um dia a gente pára o carro aí e vai perguntar dele, certo?

 

- Certo.

 

O tempo passou e sempre que passávamos por lá ele lembrava da história ao apontar para o macaco azul.

 

O tempo levou-lhe a inocência. Ele já não prestava mais muita ou nenhuma atenção no macaco.

 

Um dia lembrei-lhe da história e ele disse:

 

- O senhor me enganava!

 

- Nunca, meu amor! Respondi-lhe. O papai jamais faria isso. O que fiz foi te contar uma história como aquelas que eu ou sua mãe líamos nos livros de histórias infantis para você!

 

Ele ficou desconfiado, mas concordou com um meneio da cabeça.

 

- Você, quando era criança, acreditava nessa história do macaco azul, não acreditava?

 

- Claro.

 

- Pois é! É assim que os homens inventam suas histórias, criam seus monstros, como a quimera, o dragão, o unicórnio, o centauro, o "Harry Potter, que você gosta, seus deuses e tudo aquilo que acreditamos que seja verdade, mas que não passam de criações artísticas de homens inteligentes, seja para distrair os outros homens, seja para enganá-los maldosamente.

 

- Entendi!

 

Recentemente, o Osório já com 12 anos, passando pelo local, ele viu que o macaco azul já não estava mais lá. Então, perguntou:

 

- Pai, cadê o macaco azul?

 

Respondi-lhe:

 

- Ou ele conseguiu fugir de sua prisão na parede para sua floresta ou uma mão de tinta de um caçador infeliz, que que não tem sensibilidade para conhecer a beleza o matou!

 

Nos calamos, mas o clima foi de tristeza banhada pelas recordações.

 

Inté,