Corri para próximo do aparelho para ver o conterrâneo, que enfrentava Frankie Edgar.
Antes de continuar, um parêntese.
Já ouvi alguém dizer: “Eu era feliz na minha ignorância”!
Hermann Hesse, no seu "Sidarta", já disse: "Acautela-te contra o excesso de inteligência"!
Mas por que digo isso?
Na penúltima luta de Aldo, quando ele foi vencido, eu assistia um replay e pensava que era ao vivo e, então, torcia em brados pelo amazonense. Foi quando chegou um estraga prazer e me disse que ele já havia perdido!
Eu, “amante do saber”, senti que, naquele momento, “eu era feliz na minha ignorância”!
Prossigo.
Aldo perdeu a penúltima luta e, agora, ao assistir sua vitória, perguntei-me: apanhar faz bem?
Me respondi positivamente, pois o Aldo da última luta era outro em relação ao Aldo da sua luta imediatamente anterior!
Nesse sábado estava:
- Concentrado.
- Focado (atenção máxima no que se faz).
- Atencioso.
- Respeitoso para com seu contendor.
- Ágil.
- Serelepe (esperto, vivo, buliçoso)
- Preciso.
- Estudioso (dos movimentos de seu oponente).
- Preciso nos golpes (embora poucos, mas...).
- Explorador dos golpes já aplicados (procurava atingir o supercílio já aberto do adversário).
- Bailou/dançou. Não foi um alvo fixo. Com isso fazendo uma bela mistura das fórmulas de Muhammad Ali e Sugar Ray Leonard (só faltou a manivela deste último!).
- Determinado (sabia o que queria e lutou, literalmente, por isso)
- Zeloso (já que não se expunha tanto. Mantinha distância segura) em busca do fim almejado (vitória) daí a importância da manutenção do foco.
- Oportunista (soube aproveitar as chances oferecidas pelo adversário. Os pontos “fracos”).
- Sábio em usar os recursos que dispunha (lembro que em uma das suas saídas/recuos, o adversário precipitou-se sobre ele e Aldo levou a mão direita para cobrir o rosto deixando o cotovelo como se fosse um para-choque à disposição do rosto do outro lutador para que ele, se desejasse, se batesse no osso pontiagudo).
Uma palavra com a qual resumo tudo: perfeição!
E uso esta palavra não pelo fato de José Aldo ter vencido, mas por ter vencido com a forma e a desenvoltura usada para tal.
Mesmo que o brasileiro caísse no último minuto, sua luta seria memorável, independentemente do resultado.
Felizmente, a sorte lhe foi benfazeja, se bem que ele, com sua determinação e precisão a ajudou bastante, como deve fazer todo aquele que quer ter sorte!
A vitória foi apenas a coroação de todo um processo desenvolvido de maneira harmoniosa e sincronizada.
Parabéns ao campeão e a nós que o admiramos.
Até mais.
P.S.: Alvorada é um bairro de Manaus, são vários, aliás (I, II e III), que, em seus primórdios, era muito violento, daqueles em que se matava vários e deixava-se outros pendurados para o dia seguinte! Daí o comentário na foto que enfeita este escrito e que encontrei na internet.