Outros Escritos Meus

Você está aqui: Home | Artigos | outros escritos meus

As mentiras que até Verissimo nos ajuda a contar: Shakespeare!

 

As mentiras que até Verissimo nos ajuda a contar: Shakespeare!

Shakespeare 

 

Lendo a coluna de Luis Fernando Verissimo em “O globo” de 08.09.16 (In Aleppo), para meu espanto, colhi a sua seguinte afirmativa:

"Nabokov se deliciou ao descobrir que Shakespeare, que também era ator, tinha feito o papel do fantasma do pai de Hamlet no palco do teatro Globe. O papel é pequeno, mas essencial na trama, sem ele e sem seu clamor por vingança, não haveria a peça. E é o fantasma que se despede de Hamlet antes de desaparecer na bruma, dizendo “Adieu, adieu, adieu. Remember me, remember me...” Poderia ser o autor falando pela boca do ator, pedindo para se lembrarem dele.”.

 

"Qual a razão do seu espanto?", você pode está se perguntando.

São as seguintes:

Como pode o Verissimo, homem de muitas leituras e cultura profunda, afirma que “Shakespeare era também ator”?

É que não se sabe nada sobre um possível Shakespeare, exceto que existem várias peças que são atribuídas a um personagem chamado/batizado/cognominado de Shakespeare e, assim, a gente vai engolindo, pela colonização cultural, as inúmeras mentiras que os ingleses contam e que são repetidas à saciedade até tornarem-se verdades, assim como eles próprios dizem que os alemães faziam: “repitam uma mentira mil vezes e ela se tornará uma verdade”!

Sobre as mentiras contadas/plantadas pelos ingleses tem um livro interessante de ser lido. Chama-se "Lendas Mitos e Mentiras", de Richard Shenkman.

É o inglês John Macy, em livro já bem entrado nos anos, quem pergunta:

 

"Quem foi Shakespeare? (...) Shakespeare não passou dum pseudônimo, ou duma “capa” de Francis Bacon.

Quando, desprezado pela Fortuna e pelos homens, choro sozinho meu triste fado, e atrôo os céus insensíveis com meus gritos, e olho para mim e me maldigo, invejando os ricos de esperanças e amizades, ansiando pelo que enche a vida e traz contentamento; quando, assim mortificado, penso em ti, então minh’alma, como a cotovia pela madrugada, levanta da tristeza hinos para o céu. Porque teu doce amor me evoca tais riquezas que ao lembrar-me delas não troco meu destino pelo dos reis”.

Mas devemos lembrar que esse estilo poético não procedia exclusivamente do gênio individual, senão também do gênio da época em muito outros poetas também encontramos passagens shakespearianas. Por maior que tenha sido, Shakespeare não era um Deus; freqüentemente descaía, produzindo cenas fracas e versos frouxos. De tal modo que em peças a ele atribuídas nos sentimos freqüentemente tontos ao decidir da sua autoria, com base nas qualidades ou defeitos do estilo.

Talvez que a razão de admitirmos a beleza de certas passagens de Shakespeare venha de antecipadamente sabermos serem suas. Entretanto, que outro possui semelhante magia verbal, inacessível à corrosão do tempo?

O Hamleto constitui a mais perfeita obra prima de Shakespeare.

Seu único e esplêndido defeito está na abundância excessiva."

Fonte: JOHN MACY, em "HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL", CAPÍTULO XXVI. Tradução de Monteiro Lobato, Companhia Editora Nacional São Paulo.

 

Será que Monteiro Lobato, após tal tradução, faria a mesma afirmativa que hoje faz Verissimo? Desconheço...

 

Carla Gomes, em um escrito sobre o livro "O segredo de Shakespeare", o inicia dizendo:

 

Para além das sempre controversas questões relacionadas com a identidade de William Shakespeare discutidas nesta obra, “O Segredo de Shakespeare” de Jennifer Lee Carrell trata também a possibilidade de existência de uma obra perdida do dramaturgo inglês, “Cardennio”, implicando a sua busca no que é uma autêntica caça a um tesouro literário cobiçado por uma rede de personagens cujas motivações variam entre a recriação das mortes das personagens de Shakespeare com o intuito de tornar a ficção realidade para elevação máxima do gênio do dramaturgo (e meio de derrubar os que se opõem a esse propósito), e a simples investigação que almeja a descoberta de uma peça há muito desaparecida de forma a incluí-la como relíquia no espólio existente do autor.”.

Fonte: http://amargemblog.blogspot.com.br/2008/02/o-segredo-de-shakespeare-de-jennifer.html.

Como, então, Verissimo, ser tão enfático em algo, aparentemente, tão banal diante dos seus vastos conhecimentos?!

Mike Collett-White informa que:

 

"Acadêmicos dizem ter descoberto 'verdadeiro Shakespeare.

LONDRES (Reuters) – Dois acadêmicos afirmam que descobriram o ‘verdadeiro’ William Shakespeare, que teria sido o político e diplomata Henry Neville. Com isso, desencadearam uma enxurrada de discussões entre os estudiosos do bardo inglês, que já tiveram de protegê-lo contra vários outros candidatos a autores de sua obra.

Os acadêmicos Brenda James e William Rubinstein registraram sua descoberta num livro recém-lançado em que defendem que a autoria das peças de Shakespeare seria na verdade de Neville, político, diplomata e proprietário de terras britânico, que nasceu e morreu quase na mesma época que Shakespeare.

A existência de Shakespeare, autor de dezenas de sonetos e peças que continuam a ser encenadas até hoje, é objeto de disputa desde o século 19. Já se afirmou que Francis Bacon, Christopher Marlowe e até mesmo a rainha Elizabeth I seriam os reais autores de seus textos.

Brenda James, que é britânica, conta que topou com Henry Neville quando decodificava a dedicatória dos ‘Sonetos’ de Shakespeare, o que a levou a identificar Neville como autor das peças.

Ela passou os sete anos seguintes reunindo evidências para comprovar sua proposição. Quando pediu a Rubinstein, da Universidade do País de Gales, que verificasse a veracidade de suas provas, ele se convenceu a tal ponto que concordou em assessorar e coescrever o livro.

Quando iniciei o trabalho, eu era agnóstico em relação ao assunto’, disse à Reuters o professor Rubinstein, que é americano. ‘Agora, não sou mais. Eu poderia descrever a descoberta como um raio que caiu do céu sobre mim.’

Brenda James disse que um caderno escrito por Neville quando ele ficou encarcerado na Torre de Londres, por volta do ano 1602, contém anotações detalhadas que acabaram constando de ‘Henrique VIII’, encenada pela primeira vez alguns anos mais tarde.

Sua experiência na torre, onde correu o risco de ser executado por participar numa conspiração para derrubar a rainha, também poderia explicar a mudança de tom das obras de Shakespeare, que, a partir de 1601, passam de histórias e comédias para as grandes tragédias ditas shakespearianas.

Henry Neville era um homem culto que viajou pela Europa e era amigo íntimo do conde de Southampton, a quem acredita-se que foram dedicados alguns dos sonetos de Shakespeare.

Neste momento, não vejo um ponto sequer que não confirme minha teoria’, disse Brenda James.

Mas nem todos os especialistas em Shakespeare estão igualmente convencidos.

Em vista da quantidade de documentação que mostra que William Shakespeare, de Stratford-upon-Avon, foi quem escreveu as peças, só podemos supor que os teóricos das conspirações tenham aderido à história pelo dinheiro que podem receber pela venda de seus produtos bizarros’, disse Roger Pringle, diretor da Fundação Shakespeare Birthplace.

Ann Thompson, que leciona inglês no King's College London e é uma das editoras da série Arden Shakespeare, ainda não leu o novo livro, ‘The Truth Will Out: Unmasking the Real Shakespeare’ (A Verdade Virá à Tona - A Revelação do Verdadeiro Shakespeare), mas tem suas dúvidas.

Uma das principais razões pelas quais James e Rubinstein põem em dúvida a autoria das peças é o fato de que William Shakespeare não teve educação formal e não teria tido familiaridade com os modos e costumes da corte.

É esnobismo, basicamente’, disse Thompson à Reuters. ‘As pessoas acham que, para escrever como ele escreveu, seria preciso ter tido no mínimo instrução universitária.’

Ela argumentou, também, que alguém com o conhecimento da Europa que Neville teria tido dificilmente cometeria os erros geográficos básicos que aparecem no cânone de Shakespeare.”.

Fonte: Uol - 08.10.05.

 

E então, admirado Verissimo?

Esses dias vi nas bancas a capa da revista que ilustra este escrito e tinha a intenção de escrever o acima, essa intenção se propagou como fogo em gasolina com o escrito do Verissimo que, também, já escreveu sobre “A mentira que os homens contam”! Seria o caso.

A capa da referida revista é um desenho de Shakespeare! De onde o autor tirou inspieração talvez somente ele saiba!

Não confio nenhum pouco na Editora que publica a revista, mas, no Verissimo confio por demais, daí a razão deste escrito e, se pudesse, perguntaria a ele sobre o afirmado pelos demais autores acima citados.

 

Até mais,