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História de Maraã - CAPÍTULO I

História de Maraã

 

CAPÍTULO I

Não se sabe a quem atribuir a ideia de criação do Município de Maraã!

A propriedade, com o nome de Maraã, já existia quando o Município foi criado!

 

Podemos dizer que a criação do Município legalizou juridicamente o nome de uma propriedade que já existia!

A propriedade pertencia à família Solart, cujo patriarca era o senhor Matheus Solart.

O Município de Maraã foi criado em 19 de dezembro de 1955, pela Lei nº 96, a partir de desmembramento do Município de Tefé, juntamente com os Municípios de Japurá e Juruá.

Era Governador do Estado do Amazonas, quando da criação, Plínio Ramos Coelho.

Criado legalmente o Município, empossado o prefeito, que fora nomeado e não eleito, o Governo do Estado não teve recursos financeiros para pagar a desapropriação do imóvel pertencente à família Solart, que queriam “um milhão e quinhentos mil”, pelo terreno.

A solução encontrada, por sugestão do governador, foi instalar a sede municipal em outro local, assim é que foi instalada na localidade de nome Jacitara.

Jacitara, portanto, já nasceu como sede provisória do Município. Nessa época morava no local o senhor Waldemar Job de Queiroz.

O Município ficou instalado em Jacitara até o ano de 1969.

Neste ano (1969) o Município de Maraã desapropriou o imóvel da família Solart e procedeu a transferência de sua sede, finalmente. Pagou-se “quinze mil cruzeiros novos”, em moeda da época.

Enquanto a sede esteve instalada em Jacitara, a cidade não teve mais do que uma única rua e o início de uma única estrada que levava para o interior da terra firme (aquela que não alaga nas enchentes).

Tinha poucos moradores, em especial as famílias de: Waldemar Job de Queiroz, Antonio Benjamim de Queiroz (Antonio Bispo) e d. Antonia, José Cardoso e D. Joana Cardoso, José Gonçalves Ramos e D. Raimunda Hermelinda Ramos, Waldomiro e Brasilina (pai da Marina do Tantan), D. Marta Siqueira, “Seu Caboco”, seu Cumuru e D. Nazaré, Emília Bruce, José Maracangalha, Manoel Prego, Ramiro Ferreira de Matos, Jorge e Maria José, Germano, Boaventura Bezerra da Silva, D. Clotilde (Coló), Seu Ângelo e D. Tereza, Francisca Rodrigues (Iuca), esta ficou no Jacitara até 1972, pois não gostava de Benedito Gonçalves Ramos, então prefeito (as famílias com o nome em cor preta não foram para a nova sede. Jorge e Maria José foram para outra cidade).

Administraram o Município, quando a sede estava em Jacitara os seguintes prefeitos e vereadores:

 

Prefeitos   

        Mandatos

  Vereadores

 

Atlântico Alves da Mota (nomeado).

Julho ou agosto de 1956

Não tinha vereadores.

 

Rossini Lima (nomeado).

 

Não tinha vereadores.

 

Benedito Gonçalves Ramos (disputou com João Albertino).

Vice:

4 anos

1 - Maria Rosa Silva Barbosa (esposa de Juarez Barbosa de Lima),

2 - Maria Gomes (Maria Caxoxa),

3 - Juarez Barbosa de Lima,

4 - Antonio Pessoa (de Tefé),

5 - Heráclito Silva (pai de Maria Rosa Silva Barbosa),

6 - Antonio Pereira Guimarães (Pereirão).

 

Antonio Barbosa Cavalcante (disputou com....).

Vice:

1963/1969

 

(6 anos)

1 - Juarez Barbosa de Lima,

2 - Osmar Rosa (comerciante),

3 - José Gonçalves Ramos,

4 - Dalvino Nascimento de Oliveira (comunidade de Bom Retiro, próximo a Porto Alegre),

5 - Odorico Bezerra da Silva,

6 - Benedito Ramos,

7 – Walcir de Oliveira Queiroz (titular) Waldemar Job de Queiroz (que era suplente).

 

Benedito Gonçalves Ramos (vice-prefeito Odorico Bezerra da Silva)

(este o prefeito que fez a mudança da sede do Município)

1969/1973

1 - Juarez Barbosa de Lima (renunciará ao mandato pois o ameaçam com a cassação por ausência a inúmeras sessões),

2 - Jonatas Nery Santana (madeireiro. Desistiu do mandato),

3 - Milton (desistiu do mandato),

4 - Marcelino Cavalcante,

5 - Raimundo (Dico) Rodrigues Solart,

6 - Raimunda Nonata Bezerra da Silva,

7 - José Gonçalves Ramos (faleceu no exercício do mandato).

 

Suplentes que assumiram:

 

1 - Boaventura Bezerra da Silva,

2 - Nicolau Madureira,

4 - Francisco Maciel Ramos.

 

 

Atlântico Mota, pertencia a família Mota de Uarini.

Rossini Lima era filho do proprietário de Caiambé, uma propriedade grande no Município de Tefé.

Em seu primeiro mandato, Benedito não fez uma boa administração.

Para o segundo mandato, Benedito disputou a prefeitura com Wenceslau de Queiroz e Antonio Pereira Guimarães.

Lembranças que guardo: o barranco era alto, íngreme, com uma escada de madeira em toras e pessimamente conservada, tinha um pequeno parque de diversão (balanço, gira-gira, gangorra, escorregador etc.), moenda de cana do senhor José Cardoso, onde tomávamos caldo de cana (garapa), barco levando eleitores para votar (numa dessas idas lembro de uma criança que caiu na água e desapareceu).

Morte do Cleves [ou Clévio] Pessoa, esposo de Cleide, foi cacetado por Bertoldo [depois Chico Cacete] no dia 13 de dezembro de 19___).

Este foi o primeiro crime do Maraã.

As pessoas foram desarmadas para a eleição. Estava presente o Deputado Estadual Isaac Sabbá.

Cleves era genro e partidário de João Albertino, esposo de d. Zuleide e pais de Cleide, mulher de Cleves, que disputava a eleição com Benedito Gonçalves Ramos, este candidato de oposição.

João Albertino era funcionário de Rossini Lima na propriedade Caiambé.

Cleves tinha pintado na sua calça duas faixas com os dizeres: “deste lado estou babando osso” e “deste lado estou bebendo sangue”. Escreveu também no chapéu.

Ao chegar no local da votação alguém perguntou o nome de um outro votante que respondeu:

“... seu criado”.

Cleves teria dado um tapa nessa pessoa e dito:

“Criado é a puta que o pariu”.

Nisso Francisco vai passando e ele empurra o mesmo sobre a cabine de votação, que era feita de madeira regional. A cabine se quebra e Francisco já se levanta com um pedaço de madeira na mão e parte a cabeça de Cleves.

Cleves disse uma única palavra quando estava sendo amparado por sua esposa e D. Leontina: “só uma”, respondeu ao ser perguntado por quantas cacetadas tinha sofrido. Após a resposta, faleceu.

O plano era matar Benedito Ramos.

Com a morte, logo no início da votação, a eleição foi adiada por uns seis meses. Benedito ganhou a eleição de João Albertino.

A administração de Benedito Ramos foi um fiasco.

A administração de Antonio Barbosa Cavalcante também foi um fiasco. Era seu “primeiro ministro” o próprio Benedito Ramos, para desespero de seu filho Juarez Barbosa de Lima, então vereador no mandato do pai. Juarez afirmava ter visto algumas vezes o pai entregando malas de dinheiro a Benedito. Na primeira vez em que ele os flagrou numa casa em Tefé (casa do “Pedro Barbeiro”), o pai escondeu a maleta sob a cama quando ele entrou no quarto em que eles estavam.

Como não poderia deixar de ser, Benedito foi o candidato de Antonio Barbosa Cavalcante e o sucedeu na prefeitura. É neste mandato que ele promoverá a mudança da sede municipal para a propriedade Maraã. Mudança facilitada pelo número de moradores e cujas casas não passavam de quinze.

 

A erosão consumiu quase tudo que ainda restou da passagem da sede municipal pelo Jacitara, em especial as pequenas ruínas.

 

(Continuamos no próximo capítulo).