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O frisson do momento: "Capital no Século XXI", de Thomas Piketty.

 
Ricos e renda
 
Paul Krugman se derreteu de amores por ele!
 
Vejam em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/04/1445830-livro-o-capital-no-seculo-21-revoluciona-ideias-sobre-desigualdade.shtml.
 
Eurípedes Alcântara, que na minha santa ignorância desconheço quem é, na Veja, fala mal em "Utópicos e Delicioso" (edição 2371). Pelo menos ele admite que é "delicioso" e, se é assim, já vale a pena a leitura.
 
Elio Gaspari pontua:
 
"Uma época, um livro e uma festa
 
Amanhã o mundo poderá ver na rede imagens do baile de Anna Wintour. Retratará uma época. “Capital no século XXI”, de Thomas Piketty, também está na rede
 
Amanhã o Metropolitan Museum de Nova York abre a escadaria para o baile anual do seu instituto de moda. A entrada custa US$ 25 mil, e o freguês terá passado pela seleção de Anna Wintour, a bruxa do filme “O diabo veste Prada”, diretora da revista “Vogue”, czarina da moda e princesa do mundo das celebridades. O “Met Gala” é o tapete vermelho mais bonito, rico e exclusivo do mundo. Quem não tiver a graça de pisá-lo poderá ir para um bar discutir o livro “Capital”, do professor francês Thomas Piketty. Por caminhos diferentes, estará no mesmo mundo.
Piketty escreve com a elegância com que a atriz Gwyneth Paltrow se veste. Montado num banco de dados rico como a vitrine da joalheria Cartier, o professor é claro: o mundo entrou num período de concentração da renda. As pessoas e os países ricos ficarão mais ricos. Para as nações emergentes, inclusive o Brasil, fica a suspeita de que crescerão a taxas menores.
Nos Estados Unidos, essa época de ostentação da riqueza é comparada à “Gilded Age”, que foi do fim do século XIX ao início do XX. A expressão designava uma abastança exuberante, porém superficial. Piketty não a usa, fala mais na “Belle Époque” francesa. A diferença está no fato de que uma teve o escritor Marcel Proust e a outra, bilionários vulgares, cuja ideia de refinamento levava-os a copiar castelos e a casar as filhas com nobres europeus quase sempre falidos, jamais monogâmicos, talvez heterossexuais. (Só na cesta dos duques, compraram 22.)
Durante a festa do século XIX também pontificava um jornalista. Ele organizava o baile anual de Caroline Astor e dizia que a elite de Nova York tinha 400 pessoas, o número de convidados que cabiam no salão da milionária. Na lista de La Wintour, entram 700 convidados. Ela é uma jornalista cuja determinação, instinto estético e visão comercial deveriam ser matéria de estudo para quem entra nesse ramo da profissão. (O teste de que uma pessoa é desprovida do sentimento da inveja está em admirá-la.) Wintour perfilhou o instituto de moda do Metropolitan, para quem vai o dinheiro dos ingressos. A partir de amanhã a nova ala de roupas do museu levará seu nome. Será inaugurada por Michelle Obama.
O baile de Piketty tem a harmonia de uma valsa. No início do século XX , o 1% que estava no andar de cima ficava com 20% da renda dos Estados Unidos e da Inglaterra. Até 1980 essa riqueza encolheu à metade mas, a partir daí, voltou a crescer e retornou ao ponto inicial. A queda deveu-se a políticas sociais? Não, foram as duas guerras. Os bilionários de hoje seriam diferentes, afinal, Bill Gates fez a Microsoft. Tudo bem, mas a francesa Liliane Bethencourt (L'Oreal) tem US$ 25 bilhões e nunca trabalhou na vida. Herdou. Entre 1990 e 2010 as fortunas de ambos cresceram 13% ao ano, apesar de Bill Gates já ter parado de trabalhar.
O “Capital" é um monumento de pesquisa e elegância. Piketty trabalhou com acervos estatísticos jamais estudados, e reconhece que isso só foi possível porque apareceu o computador. Obsessivo, mergulhou até nas listas de bilionários das revistas de negócios, mesmo ressalvando que têm pouco valor científico. (Os brasileiros que compraram ações de Eike Batista sabem que é isso mesmo.) Se os números dos bilionários da Forbes merecem pouca fé, as carteiras de investimentos das universidades americanas merecem toda. Os patrimônios mobiliários daquelas que têm fundos com mais de US$ 1 bilhão cresceram 8,8% ao ano entre 1980 e 2010. Já as pobrezinhas, com menos de 100 milhões, ficaram com 6,1% ao ano. Harvard, com US$ 30 bilhões, teve rendimentos de 10,1% anuais. (As reservas da Universidade de São Paulo encolheram.)
Quando Caroline Astor dava seu baile, o andar de cima sustentava que assim era a vida e o de baixo lotava as ruas para ver a passagem dos magnatas. A partir de amanhã o mundo poderá ver na rede imagens do baile de Anna Wintour. Retratará uma época. “Capital no século XXI” também está na rede, em inglês, por enquanto. Sai por US$ 21,99." (em: http://oglobo.globo.com/pais/uma-epoca-um-livro-uma-festa-12376996, acessado em 04.05.14).
 
Portanto, que tal lermos e tirarmos nossa própria conclusão?
 
Esperarei a tradução!