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23.16 – Sócrates e o círculo de Péricles.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

23.16 – Sócrates e o círculo de Péricles.

 

Kerferd ensina:

 

Fica assim claro que Sócrates era geralmente considerado parte do movimento sofista. Mediante a sua notória amizade com Aspásia, é provável que estivesse em contato bem íntimo com o círculo de Péricles, e seu impacto intelectual e educacional sobre os jovens ambiciosos em Atenas era tal que foi, nessa função, corretamente considerado sofista. O fato de não receber pagamento não altera em nada a sua função.” [Osório diz: e como se sustentava e aos seus este homem pobre?] [Osório diz: Sócrates e o círculo de Péricles]. (Fonte: O movimento sofista, G. B. Kerferd, tradução de Margarida Oliva, Loyola, São Paulo, 2003, p. 99).

 

Acrescentar o Prof. Fernando Cabral Pinto:

 

Sócrates lutava contra os preconceitos dogmáticos do senso comum os quais impediam os cidadãos de reconhecerem o seu interesse próprio e os tornavam submissos ao poder instalado. Negava a existência da verdade (o bem absoluto, por exemplo) no domínio dos valores (cf. no meu livro o tópico: "As virtudes não formam conceitos aplicáveis por subsunção lógica". O livro que cita de R. Flacelière constitui uma boa história literária da Grécia. Mas, sendo demasiado abrangente, abarcando vários séculos da história grega, nunca poderá mergulhar muito fundo nos temas que aborda (embora seja obra de um grande erudito). Sobre Sócrates, as informações são mínimas, além de que reproduz a interpretação corrente segundo a qual Sócrates procuraria a verdade (moral) mediante definições exatas. Aí o meu amigo não encontrará a resposta que pretende, ou seja, a de saber se Sócrates pertencia ou não ao círculo de Péricles. Eu peço desculpa pelo facto de não me disponibilizar para remexer nas fontes que utilizei para os meus estudos socráticos. Mas lembrei-me de algo que pode contribuir para uma resposta afirmativa: No diálogo Menexeno, que trata o tema das orações fúnebres (recordar a célebre oração fúnebre de Péricles relatada por Tucídides), Sócrates declara ter sido iniciado neste tipo de discursos por Aspásia, companheira de Péricles. O diálogo é escrito por Platão com intenção crítica (já não é o jovem autor da Apologia, mas o reconvertido à militância antidemocrática que o escreve). Sócrates reproduzirá uma oração composta por Aspásia, ela que também teria composto a oração fúnebre proferida por Péricles. Uma vez que Platão descreve o espaço social dentro do qual se moviam os intelectuais e os políticos coevos de Sócrates, e sendo esse espaço necessariamente limitado, é legítimo deduzir-se que as mesmas pessoas (amigos e críticos) se cruzavam todos nos mesmos lugares, tanto públicos como privados. Daí poder deduzir-se também, sem grande risco de erro, que Sócrates fazia parte do círculo de Péricles”.

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