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24.7 – Platão e a síndrome de Siracusa (paixão por tiranos).

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

24.7 – Platão e a síndrome de Siracusa (paixão por tiranos).

 

Antonio Sánchez García diz:

 

Faz 2.400 anos, Platão, o privilegiado discípulo de Sócrates, convencido pela morte do pai da filosofia na mãos da demagogia ateniense que somente um filósofo poderia corrigir os destinos da república para o seu bem e de sua posteridade – como expôs em uma das obras mais transcendentais da história do pensamento ocidental, A república – decidiu passar da teoria à prática buscando levar a cabo suas ideias convencendo delas o tirano de Siracursa, Dionísio, o jovem, com quem estabeleceu contato por intermédio de seu cidadão e amigo siracusano, Dion, cunhado de Dionísio, o velho, pai do novo tirano. Se deslocou até Siracusa, a principal cidade-Estado da Sicília, entrou na corte, causou no jovem tirano a melhor impressão e se lançou na tarefa de convertê-lo em um filósofo.

O resto é história. À margem das fantasias de Platão, já entrando nos anos e teimosamente convencido de sua tarefa, realizou três viagens sucessivas até Siracusa, todas elas coroadas de fracasso. Dionísio, o político, que lutava para manter-se no poder assediado por cartagineses e competia com seus inimigos locais, viu no ingênuo pensador ateniense um infiltrado de seus adversários, o encarcerou, o vendeu como escravo e este a ponto de passá-lo em armas (matá-lo). Quanto da terceira tentativa, sua vida foi salva graças às influências de Dion e, enfim, voltou às suas ocupações de pensador, possivelmente mais cético do poder corretor das ideias sobre um universo tão maleável e intrinsecamente dominado pela perversidade da luta de todos contra todos como é o do mercado do poder público, no qual, habitualmente não se impõem os mais sábios, senão os mais néscios; os mais sanguinários, não os mais benignos; os mais indignos, não os mais honrados. Os culpados, não os inocentes”. (Fonte: http://www.el-nacional.com/opinion/Platon-sindrome-Siracusa_0_445755458.html.)).

 

[Osório diz: ou seja, Platão, a duras penas, aprendeu que estava errado do seu poder de convencimento!]

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

O diagnóstico de Hannah Arendt surpreende então por sua inteligência:

 

(...) não podemos nos impedir de achar surpreendente e talvez escandaloso que tanto Platão quanto Heidegger, ao se engajarem nos assuntos humanos tenham recorrido aos tiranos e aos ditadores. Talvez a causa não se encontre somente em cada caso nas circunstâncias da época, e ainda menos numa pré-formação de caráter, mas antes no que os franceses nomeiam uma "deformação profissional". (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 99).

 

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