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41.18 – Por que os Sofistas incomodavam?

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.18 – Por que os Sofistas incomodavam?

 

A preocupação parece ter-se voltado para a espécie de assuntos que os sofistas professavam ensinar, especialmente a arete. Protágoras, interrogado sobre o que Hipócrates aprenderá dele, replica (Prot. 318e): "O cuidado adequado de seus próprios família, também negócios,Vala que possa administrar melhor sua e à o cuidado dos negócios do Estado, para se tornar poder real na cidade quer como orador, quer como homem de ação". Em breve, diz Sócrates, a arte da cidadania, e Protágoras enfaticamente concorda. Embora alguns deles ensinassem muitas outras também, tudo inclusive avanço político em seu currículo, e a chave para este, na Atenas democrática, era o poder do discurso persuasivo [De modo semelhante nas Nuvens (v. 432) Sócrates, que é aí caricaturado entre outras coisas um sofista profissional (cf. 98 argyrion en tis dido), assegura a Estrépsíades que por sua instrução en to demo gnomas oudeis nikesei pleionas e sy. Em Górg. 520e Sócrates sugere uma razão pela qual ensinar esta espécie de coisa não era visto com bons olhos.]. Górgias concentrou-se de fato só na retórica recusando-se a ser inserido entre os mestres de arete, pois sustentava que a retórica era a arte-mestra a que todas as outras devem acatar [Aretes didaskaloi era o modo regular de Platão se referir aos sofistas (Dodds, Górgias, 366). Para Górgias veja Meno 95c., Górg. 456-e, especialmente ou gar estin peri hotou ouk an pithanoteron thanoteron eipoi ho retorikos e allos hostisoun ton demiourgon en plethei. Górgias até admite que seus alunos aprenderão dele os princípios do certo e do errado "se acontece que já não o sabem" (460a), mas sustentando ao mesmo tempo que o mestre não é o responsável pelo uso feito de seu ensino [Osório diz: esta lição somente vale, segundo os fanáticos, quando aplicada a Sócrates, se os alunos forem dos sofistas...]. Para a correção de incluir Górgias entre os sofistas veja agora E. L. Harrison em Phoenix, 1964 (contra Raeder e Dodds).]. [Osório diz: Por ser seu igual, Platão não o queria sofista? Vide nota 22, p. 39]

Ora, "ensinar a arte da política e empreender fazer dos homens bons cidadãos" (Prot. 319a) era o que precisamente em Atenas se considerava o campo especial do amador e do cavalheiro. Todo ateniense da alta classe devia entender a conduta adequada dos negócios por uma espécie de i finto herdado de seus antepassados, e estar preparado para transmiti-lo aos filhos. Até Protágoras admitia isso, embora pretendendo que ainda deixava espaço para sua arte pedagógica como suplemento. [Osório diz: Instinto nada! Exemplo e meios para tal] Na passagem do Meno, a que já se referiu, Sócrates sugere inocentemente a Anito, importante líder democrático que se tornou seu principal acusador, que os sofistas eram as pessoas adequadas para instilar no jovem a sophia que o adequará para administrar o Estado, governar a cidade, e em geral demonstrar o savoir-faire próprio do cavalheiro. Quando Anito os injuria como ameaça para a sociedade, e Sócrates pergunta a quem, então, na sua opinião, o jovem deve se dirigir para tal treinamento, ele replica que não há nenhuma necessidade de mencionar indivíduos particulares, pois "todo cavalheiro decente ateniense que lhe acontecer encontrar, faria dele melhor homem do que os sofistas poderiam fazer". [Osório diz: Na democracia, nem todos são democratas, nem seus líderes!]

Os sofistas, pois, não gozavam de simpatia por razoes diversas tanto entre filósofos como Sócrates e Platão como entre cidadãos como Anito. O ódio em que incorriam aos olhos do establishment era não só devido aos assuntos que professavam, mas também seu próprio status estava contra eles. Não só pretendiam dar instrução no que em Atenas se pensava ser para as pessoas certas uma espécie de segunda natureza, mas eles mesmos não eram líderes atenienses nem mesmo cidadãos. Eram estrangeiros, provincianos cujo gênio tinha ultrapassa os confins de suas cidades natais menores. [Osório diz: Hum rum! Então tá!]

Siracusa em 427.31 Tanto ele como Pródico de Ceos aproveitaram da oportunidade, ao apresentar o caso de suas cidades diante do Conselho, de fazer avançar seus próprios interesses dando aulas e demonstrações que lhes trouxeram considerável soma de dinheiro (Hip. Maj. 282b-c). Hípias também orgulhava-se do número de missões diplomáticas que lhe confiara sua cidade (ib. 281a). Leontini, Ceos e Élis davam vazão inadequada para seus talentos. [Osório diz: os embaixadores]

(...)

Em Atenas, o centro da cultura helenística no pico de sua fama e poder, "o verdeiro quartel-general da sabedoria grega", como o Hípias de Platão a chama (Prot. 337d), eles podiam florescer; mas aí não tiveram nenhuma possibilidade de se tornar figuras políticas por si mesmos, e, sendo assim, usaram seus talentos para ensinar a outros. Não é de admirar que, como disse Protágoras, a posição de tais homens pudesse facilmente se tornar precária. Platão refere-se a isso mais de uma vez, na Apologia (19e) e no Timeu onde Sócrates diz (19e) que os sofistas são muito bons fazedores de discursos em geral, mas que "seu hábito de andar de cidade em cidade e de não ter nenhuma casa fixa própria" é uma desvantagem quando se chega a assuntos de cidadania na guerra ou na negociação. Tem-se citado isso como exemplo do menosprezo de Platão pelos sofistas, mas não passa de afirmação de fato evidente. [Osório diz: e não se pode menosprezar com a vidência?]

[Osório diz: Não se pode ser profundo e sério usando a irreverência? Não era este, justamente, um dos ensinamentos de Górgias?]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 41-42 e 43).

 

 

 

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