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41.22 – O professor pode ser responsabilizado pelo uso que o ensino seu aluno faz do seu ensino?

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.22 – O professor pode ser responsabilizado pelo uso que o ensino seu aluno faz do seu ensino?

 

O logos tem supremo poder, e é neutro. Pode fazer grande bem, banindo o medo e a tristeza e fomentando alegria e compaixão (Gorg. Hel. 8, DK II, 290). Até quando enganador, o engano pode ser um engano justo e o enganado pode ir-se mais sábio do que antes, como acontece com as ficções da tragédia, que para Górgias era apenas retórica em versos. Mas, em si mesma é simplesmente “a arte da persuasão”, armado com a qual um homem pode convencer do que lhe aprouver “ao júri no tribunal, senadores no Conselho, o povo na Assembléia, ou qualquer outra reunião de cidadãos” (Platão, Gorg. 452e). É esta arte de falar que Górgias afirmou ensinar, e nada mais. Embora ela se interesse por certo e errado, ele desaprovou o ensino da arete (Meno 95c) e sustentou que o retórico não deve ser culpado se seus alunos usam da habilidade para fins maus, da mesma forma que um instrutor de box não pode ser culpado se seu aluno venha a abater o seu pai. O retórico, pelo que parece, interessa-se inteiramente pelos meios, e não pelos fins, e seu ensino tem diferentes efeitos nos alunos de acordo com o seu caráter. [Quando Sócrates pressiona sua argumentação, G6rgias de fato admite, sem cerimonias, que se seu aluno não sabe sobre certo e errado ele supõe poder ensinar-Ihe (os assuntos para os quais Sócrates e Platão acharam inadequada toda uma vida de filosofia!), mas, quando Sócrates continua tirando a conclusão de que de fato a retórica não pode ser usada para fins errados, e tempo de o velho e respeitado homem se licenciar e seu discípulo impetuoso assumir. Toda a discussão com Górgias lança luz inapreciável sobre conceitos correntes de retórica, e não traz nenhuma marca de caricatura (Gorg. 456c-457c.). Veja também Fileb. 58a para sua convicção da superioridade da persuasão sobre todas as outras artes, e sobre sua negação de ensinar arete pp. 252s abaixo.]. [Osório diz: O logos e seu poder / Para que serve a persuasão / O que Górgias se propunha a ensinar / Górgias e o ensino da arete / O professor e o uso do ensino pelo aluno].

Se os alunos de Sócrates nem todos lhe dão crédito, não era pela mesma razão.” [Osório diz: seu aluno Alcibíades aprontou todas, bem como Crítias, o tio de Platão, mas só não prestam os alunos dos Sofistas, embora Péricles tenha sido um deles!]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 171-172).

 

 

 

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