Sofística
(uma biografia do conhecimento)
84.4 – Moral, segundo os sofistas.
Nos diz Guthrie:
“Para um contemporâneo hostil como Aristófanes, as ideias sofistas eram sintoma de declínio. Os grandes dias da Grécia foram os das guerras persas, quando homens eram homens. Coragem e dureza, simplicidade de vida, altos padrões morais foram todos atribuídos a esta geração imediatamente anterior. Agora, lamentava ele, todos os padrões estão sendo abandonados e ninguém pode distinguir certo de errado, ou, se podem, espalhafatosamente acolhem o errado e desprezam o certo. A geração jovem é amante da luxúria, efeminada, imoral e covarde. Basta ver os dramas: os escritos teatrais não mais escolhem temas elevados e nobres como Esquilo o fez. Em vez disso, temos Eurípedes com seus teatros de adultério, incesto e velhacaria, seu alarde do baixo e sórdido, sua conversa de trocadilhos e jogos de palavras sem fim. Tudo isso, pensava Aristófanes, vinha do seguimento da nova ciência ateia e a nova moralidade dos sofistas.” (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 50).
Ensina Gilbert Romeyer-Dherbey:
“Nietzsche: “nunca se insistirá suficientemente nisto: os grandes filósofos gregos representam a decadência de todo o valor grego inato (...) . O momento é muito singular: os Sofistas afloram a primeira crítica da moral, o primeiro olhar penetrante sobre a moral.” (Fonte: Os sofistas, Gilbert Romeyer-Dherbey, tradução João Amado, Edições 70, Lisboa, 1999, p. 16).