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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.12 – Iluminismo grego, a Sofística.

 

Os sofistas, com sua instrução formal auxiliada pelos escritos e oratória pública, eram os motores principais do que se convencionou chamar de Idade do Iluminismo na Grécia.

Este termo, tomado do alemão, pode-se usar sem muito receio para significar fase necessária de transição no pensamento de qualquer nação que produz filósofos e filosofias próprios. Assim escreveu Zeller (ZN, 1432): "Da mesma forma que nós, alemães, dificilmente teríamos um Kant sem a Idade do Iluminismo, assim também os gregos dificilmente teriam um Sócrates ou uma filosofia socrática sem a sofistica" [Burnet queixa-se da influência que esta "analogia superficial" tivera sobre escritores alemães, e alega que se há algum paralelo ocorre muito antes, e Xenófanes e não Protágoras é seu apóstolo. Mas Xenófanes foi antes a primeira andorinha que não faz verão; a idade do iluminismo sofistica significa não só Górgias, Hípias, Antífon, Crítias, Eurípedes e muitos outros. A seguinte observação de Burnet, de que "não é quanto à religião, mas quanto à ciência que Protágoras e Górgias assumem atitude negativa", é observação estranha para fazer de homem que declarou que ele não sabia se havia ou não deuses. Como regra geral, tais advertências contra analogias fáceis são salutares, mas [p. 49] as semelhanças entre o iluminismo e a era dos sofistas são muitas e surpreendentes ((Th. to P. 109)). O relacionamento filósofos e seus contemporâneos com seus predecessores no mundo antigo, tanto gregos como romanos, é discutido por Peter Gay em The Enlightenment (1967), 72-126 (capítulo intitulado "lhe first lightenment").].

Que Sócrates e Platão nunca teriam existido sem os sofistas (p. 49) é repetido por Jaeger (Paid. I. 288), e isto em si compensaria estudá-los ainda que não fossem (como alguns deles são) importantes figuras por si mesmos.” (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 49-50).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.11 – Alguns nomes de personagens gregos seriam inventados?

 

Nos ensina Guthrier:

 

Demos, o filho de Pirilampes, padrasto de Platão, e sua amizade com Ândron, que foi um dos Quatrocentos estabelecidos no poder na revolução oligárquica de 411, e seu orgulho de sua descendência menciona-se em 512d.

Muitos nomes gregos têm sentido transparente, e podem ser muito desconcertantes. Alguns parecem apropriados demais para ser verdadeiros, p. ex., Thrasy-machus dito de um caráter de têmpera fogosa (cf. Ar. Rhet. 1400b 19), Aristo-teles de filósofo teleológico, Demo-sthenes do mais famoso orador de sua época, Dio-peithes de caçador de ateus. Por que, de outro lado, deveria um homem de antiga e nobre família chamar o seu filho de Demos?” [Osório diz: Nomes gregos que parecem inventados propositalmente para preencher uma necessidade que vai além do nomear uma pessoa]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 99).

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Com o título de "Dubitação", entre "Protestação" e "Narração", Dom Pio, aliás Charles Nodier, proclama sua desconfiança em relação à história e à doxografia; uma desconfiança que focaliza os nomes próprios, a forma pela qual sua etimologia se faz sempre, e com sucesso demais, eponímia adequada, assinalando, assim, a ficção que preside à suposta verdade histórica.

Tenho horror a essas ficções sem naturalidade onde o nome do personagem principal vos indica antecipadamente o assunto e o objetivo da narrativa, sem levar em consideração a ilusão que faz todo o seu charme.

E qual interesse quereis que eu conceda à morte de um Hipólito, aos infortúnios de Édipo e aos combates de Diomedes, quando estou tão bem advertido de que o primeiro perecerá vítima de seus cavalos furiosos, que os pés inchados do segundo terão sido atravessados na juventude por alguma correia ensanguentada, e que o terceiro está nominalmente predestinado a triunfar sobre os próprios deuses?

(...) Não tenho objeção a fazer contra Nícias, pois parece que é em razão de seu nome que ele foi levado ao comando da guerra da Sicília.

(...) Mas encontrareis pessoas que tiveram, por outro, lado, muito bons estudos e que acreditam sinceramente que o homem cuja eloquência foi durante muito tempo a força do povo se chamava Demóstenes desde o berço, e que a natureza tivesse inscrito os títulos do modelo dos sábios na certidão de batismo ou, se quiserdes, no registro de nascimento de Aristides.

(...) Qual crítico criterioso seria tão crédulo para adotar a individualidade de um escritor conciso, quase enigmático, cuja arte é esconder muitas ideias sob poucas palavras, e que se chamaria Tácito?

(...) Invenções de estudiosos mandriões que se abandonam sabiamente aos aborrecimentos do ofício, compondo clássicos latinos para uso da posteridade ignorante...

(Histoire du rói de Bohème et de ses Sept Châteaux, Paris, 1830, ed. Plasma 1979, pp. 47-50).” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 130-131).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.10 – Tucídides – quem era.

 

O filósofo historiador Tucídides.

 

A guerra, destruindo o conforto da vida diária, é mestre-escola violento, e assimila a maioria das disposições dos homens às condições a seu redor... Mudam-se os valores correntes das palavras à medida que os homens pretendem o direito de usá-las como lhes aprouver para justificar suas ações: uma ousadia irracional chamou-se de coragem e lealdade ao partido, um prudente adiamento, plausível covardia; moderação e autocontrole veio a se considerar manto da timidez, ter uma compreensão do todo, ser por inteiro relutante em agir... Aplauso, em suma, voltava-se para quem incorrera em algum ato mau, e quem encorajava outrem era acusado de tentar crime que não estava em suas intenções.

Tucídides tinha impressionante intuição do espírito de seus compatriotas gregos, podendo-se confiar nele quando afirmava que ouvira pessoalmente alguns discursos e tinha referências de primeira mão de outros.” [Osório diz: o que não é o caso de Platão]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 83).

 

 

 

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41.9 – Termos indefiníveis.

 

Nos diz Guthrier:

 

Termos semelhantes evocativos, mas até agora não definidos ...O primeiro modo de ver exemplificado tipicamente pelos ditos de Pitágoras, o primeiro e maior dos sofistas, de que o homem é a medida de todas as coisas e que a existência dos deuses é suposição indemonstrável. A segunda enraíza-se no ensino de Sócrates, mas culmina depois na teoria ideal de Platão, segundo a qual, conceitos como justiça e beleza, assim como também identidade e igualdade e muitos outros, têm existência à parte da mente humana, como critérios independentes e invariáveis aos quais se devem reportar as percepções e ações humanas. Acompanha-se isso, naturalmente, por uma visão do mundo como produto da inteligência divina.” (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 10).

 

 

 

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41.8 – Juventude.

 

Nos diz Guthrier:

 

Na mesma linha T. Gomperz (Gr. Th. 1.490) percebeu na retórica de Górgias "a vitalidade tempestuosa e desenfreada de uma idade em que o sangue jovem palpita com pulso indócil, e a atividade da mente está com excesso de matéria à sua disposição".

(...)

Força inquieta e indômita da juventude” [Osório diz: travestida, n vezes, de covardia. Ou seria: traduzida n... ?]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 50).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.7 – Império (conceito).

 

Império (conceito): domínio de uma nação/país/Estado sobre outra(o)(s).

O desafio à decência (para to eikos), a não ser que queiram abandonar o seu tornar-se filantropos.

As três coisas mais fatais um império são a piedade, o amor da discussão e a humanidade (eqüidade, decência: epieikeia, 40.2). (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 85).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.6 – Humanismo – início de seus estudos.

 

Doutrina Guthrie:

 

Veemente partidarismo. …

 

Os pré-socráticos, pode-se perfeitamente dizer, estiveram preocupados com a natureza da realidade e sua relação com os fenômenos sensíveis. ...relação entre realidade e aparência permanece na raiz das coisas, e de uma forma ou outra constitui a diferença fundamental entre filosofias rivais. …

A natureza não conhece nenhuma distinção de classes e raças.” [Osório diz: O humanismo começa, portanto, com os Sofistas]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 9 e 269).

 

 

 

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(uma biografia do conhecimento)

 

41.5 – Governo das leis ou dos homens?

 

Nos diz Guthrier:

 

Para Protágoras, então, autodomínio e senso de justiça são virtudes necessárias à sociedade, que por sua vez é necessária para a sobrevivência humana; e nomoi são as linhas-mestras 28 fixadas pelo Estado para ensinar aos cidadãos os limites dentro dos quais podem se movimentar sem violá-los. [Osório diz: primeira manifestação do Princípio da Legalidade?]

Nem o nomos nem as virtudes políticas são "por natureza", mas um "retorno à natureza" é a última coisa a se querer. O estado de natureza era inconfortável e selvagem, com cada homem contra seu próximo, e se persistisse levaria à destruição da raça.

Afirma-se-o claramente no Sísifo (fr. 25), e as linhas interessantes do Peirithous, que deprecia a lei em favor do caráter 10 como garantia do comportamento correto, fazem-no somente em vista de sua fraqueza comparativa. "O caráter reto, nenhum orador pode perverter, mas a lei ele amiúde vira de cabeça para baixo e desonra com sua fala".

A lei existe para o benefício da vida humana e obedecendo-lhe nos conscientizamos de sua excelência (arete).

Deve-se estabelecer “o nomos na alma”, a lei da auto-estiama ou da vergonha que torna impossível fazer o mal mesmo em segredo.

O reconhecimento grego da supremacia da lei, enquanto oposta à vontade de rei ou tirano, era algo de que os gregos se orgulhavam. Ilustra-se, pela história bem conhecida de Heródoto (7.104) da resposta dada por Demarato, rei deposto de Esparta, a Xerxes que lhe dera asilo. Antes de invadir a Grécia, Xerxes lhe perguntou se os gregos haveriam de lutar, dando sua opinião que eles o fariam, por causa de seu número infinitamente inferior e porque não tinham nenhum soberano comum que os levasse a enfrentar uma casualidade destas.

Eles são livres, sim”, respondeu Demarato, “mas não inteiramente livres; pois têm um senhor, e o senhor é a Lei, a que temem ainda muito mais que teus súditos a ti. O que quer que mandar este mestre, farão, e sua ordem é sempre a mesma. Ele não lhes permite fugir em batalha, venha o que vier, urgindo-os a se manterem firmes, conquistar ou morrer”.

...as palavras de Teseu em Eurípides.

A cidade não tem maior inimigo do que um tirano, sob o qual, em primeiro lugar, não existem leis comuns, mas reina um só homem, tomando a lei em sua propriedade. Não existe nenhuma equidade nisto. Mas sob lei escrita, a justiça é distribuída imparcialmente ao fraco e ao poderoso, o mais fraco, se ofendido, pode falar em termos iguais com o rico, e o menor prevalece contra o maior, se sua causa for justa.

Sócrates foi outro a sentir que as leis devem ser mantidas em todas as circunstâncias. Numa conversa que Xenofonte narra que ele teve com 6 sofista Hípias, primeiro se entra de acordo entre eles que leis são alianças ou pactos feitos pelos próprios cidadãos referentes ao que se deve ou não se deve fazer, podendo a qualquer hora ser emendados ou rejeitados. Não existem, pois, "por natureza", e todavia Sócrates argumenta vigorosamente que a essência da justiça consiste em observá-las, e que um Estado cujos membros obedecem às leis é o mais feliz e o mais forte. [Osório diz: porém, ele mesmo desobedece, embora, sendo humana... (mas seus seguidores não mostram isso!)

[Osório diz: EVOLUÇÃO DA LEI: o pobre e fraco queria e lutava pela igualdade com o rico e poderoso. O fraco, ajudado por alguns fortes, poderosos, conseguiu a igualdade legal (aquela dada pela lei). O que fizeram os poderosos em seguida? Se apoderaram dos organismos que produzem as leis (Parlamentos, por exemplo). Ou seja: ao fim e ao cabo os poderosos econômicos é que produzem a lei! Cederam, inicialmente, para apaziguar, mas depois, por outros mecanismos, retomaram o comando. Isso lembra Lampedusa: mudar para que tudo continue igual!].

A obediência à lei gera concórdia, sem a qual uma cidade não pode prosperar, enquanto o homem obediente à lei é o mais confiável, respeitado e buscado como amigo.

Outro defensor do nomos e da eunomia, lei e ordem, é o assim chamado “Anonymus Iamblichi”, escritor aparentemente dos fins do séc. V e começos do séc. IV.34 O seu conselho volta-se francamente para sucesso mundano, e pode ser sintetizado como "virtude é a melhor política" e "sejas o que chamado começo que parecerias". Ele aceitou uma sugestão de Sócrates, que, diz Xenofonte (Mem. 1.7.1), "sempre disse que a melhor forma de adquirir bom nome era tornares o que queres que se pense de ti". Sócrates, porém, dificilmente teria incluído "uma língua fácil" entre ambições dignas de se ter, nem fez da fama o fim e da virtude apenas meio para obtê lo.

A primeira necessidade para o sucesso, diz o escritor, é ter nascido come dons naturais, mas ele não é nenhum advogado aristocrático de nascimento e educação, pois acrescenta imediatamente que isto é questão de acaso. O que está no poder de um homem é mostrar que realmente deseja o bem, e dedicar tempo e trabalho necessários para adquiri-lo, pois em contraste com "a arte de falar", que pode ser rapidamente dominada, a arete exige longo tempo e esforço.

Dá-se aí à arete o conteúdo moral que Sócrates e Platão lhe deram [Nestle, que diz: "Que arete não tem absolutamente nenhum se tido moral está claro pelo fato mesmo de que todas essas capacidades podem-se pôr a serviço, seja do certo e do bem, seja do errado e do mal" (VAIzul., 425). Sua sentença seguinte enfraquece esta consideravelmente, e de fato não é arete, mas loquacidade, esperteza e força física que se podem pôr a serviço destas metas contrárias (DK, II, 401.16). Estas capacidades foram distinguidas de arete no começo do extrato (ib. 400.34).]. Consiste em usar os outros dons da pessoa — discurso fácil, experteza, força corpórea — nos interesses da lei e da justiça; se se põem em uso contrário, seria melhor não tê-los. Atingir arete perfeita é ser útil e beneficiar ao maior número possível de pessoas [Kaerst compara o princípio de Bentham do bem maior do maior número (Zeitschr. f. Pol. 1909, 516, n. 5).], e isto se faz melhor, não por tais métodos grosseiros e dúbios em seus resultados como a caridade indiscriminada, mas ajudando as leis e a justiça, pois são elas que criam e preservam a união de vidas humanas em organizações políticas. Conseguir isto exige indiferença para com riqueza, poder e até vida. A recompensa será um bom nome duradouro [A equiparação de virtude e bondade com to ophelinion, a caracterização de outros "bens" como indiferentes e capazes de servir a fins maus (DK, II, 401.16-23; cf. Platão, Meno 87e), e o retrato do homem bom como autocontrolando (egkratestaton), indiferente à riqueza, ao poder e até à vida (pelo motivo de que nenhum homem pode viver para sempre), torna difícil resistir à impressão de que o autor era admirador de Sócrates e escreveu depois de sua morte. Para ele mesmo, é verdade, Sócrates teria posto eudoxia entre os bens indiferentes, mas a reconheceu como alvo humano geral e legítimo (Platão, Symp. 208c), e sua morte pode ter fortalecido a opinião de que de qualquer forma resultava de uma vida de virtude. A sentença em DK, II, 402.12, hostis de estin aner alethos agathos, houtos ouk allotrio kosmo perikeimeno ten doxan theratai alta te autou arete, tem toque socrático. Dificilmente posso expressar com demasiado vigor meu desacordo com o que H. Gomperz diz na p. 84 de Soph. u. Rhet. sobre "unertrãgliche Tautologia und Selbstverstãndlichkeit" etc. Em geral parece que ele desenvolveu preconceito irracional contra este infeliz autor.].

Protágoras, como outros teóricos da evolução mais cônscios das eras de sofrimento e experiência suportadas no avanço gradual e sofrido rumo à civilização, não podiam ver a própria lei como uma provisão da natureza. A natureza dá aos homens apenas a inteligência que os capacita, como vagarosa alternativa para a destruição, a organizar-se desta forma. Não há nenhum desacordo de substância entre as duas estimativas, e reconciliação genuína entre nomos e physis só se poderia efetuar, como Platão natureza não uma série de acidentes, mas o produto de mente planejadora suprema. [Osório diz: aqui o autor começa!]

[Osório diz: dizem até que os bons costumam afastar-se da política! (Os bons mataram Sócrates?) (Sócrates não conseguiu combinar com seus algozes?).

 

combinadas [Osório diz: quem combinaria?]

 

Confiança mútua (que Sócrates também viu como fruto da obediência à lei) estimula o comércio e a livre circulação de dinheiro, os ricos podem gozar de sua riqueza com tranqüilidade e os pobres são ajudados pelos mais afortunados, os homens gozam de paz de animo e liberdade para fazer suas atividades privadas, não perturbadas pela guerra ou dissensões internas e protegidos da tirania. A lei, diz este simpatizante da democracia, “beneficia a todo o povo”. [Osório diz: Não era Platão! Liberalismo. kkkkkk]

A maioria dos estudiosos provavelmente concordariam com o veredito de W. C. Greene (Moira, 25 ls) de que o valor principal desta composição está em mostrar "quão longe o estoque de idéias e argumentos da idade penetrou em mentes muito comuns". Ecos se detectaram não só de Protágoras, Sócrates e Demócrito, mas também de Pródico, Crítias, Antístenes, Tucídides, e até dos bravos oponentes do nomos Hípias e Antífon.

[Há certa confusão (que Gomperz devia ter mencionado), pelo menos enquanto temos a passagem em Iamblichus, entre DK, 403.3 (nem mesmo um homem de ferro poderia destruir as leis) e 404.27ss (para fazê-lo se necessitaria de um homem de ferro, e não de carne). [Osório diz: a vida diz outra coisa!]].

 

com horror por governo da plebe.

 

O respeito e orgulho pelo governo da lei como algo firmemente entrincheirado na mente grega, e talvez especialmente ateniense, sem levar em consideração se se consideravam as leis como produto da natureza ou fortemente se contrapunham a ela. Se for este último o caso, elas eram saudadas como triunfo da razão sobre a natureza, o símbolo da capacidade do homem de se erguer por seus próprios esforços de um estado “natural” de mútuo conflito e destruição. As leis não eram “por natureza” para Protágoras e Sócrates, e Heródoto estava inteiramente cônscio da variedade e inconsistências entre os nomoi de diversas sociedades. ...

[Tais juízos manifestamente são subjetivos e, embora neste caso eu concorde, dever-se-ia mencionar que Grote o considerou "uma composição muito bela" e Cope concordou com ele. V. a ed. de Arist. de Cope, Rhet. III, 120, n. 1. [Osório diz: ou seja, os autores usaram os “duplos discursos” protagóricos!].].

Eles conduziam os negócios da cidade como homens livres, por lei honrando os deuses e punindo os malfeitores, pois pensavam que era lei dos animais prevalecer um contra o outro por violência; os seres humanos deviam fazer da lei a pedra de toque do que é certo e do discurso racional o meio de persuasão, sujeitando-se na ação a estes dois poderes, tendo a lei por rei e a razão por mestra.

Toda a vida dos homens, seja sua cidade grande ou pequena, é governada pela natureza e por leis. Destas duas, a natureza é desordenada [ataktos como o estado primitivo da natureza em Crítias e Diodoro] e varia como o individuo, ao passo que as leis são comuns, concordadas, e as mesmas para todos. A natureza por ser corrupta, e tem amiúde desejos baixos, e os homens com tal natureza se encontrarão fazendo o mal (16) mas as leis visam ao que é justo, bom e benéfico. Isto elas buscam, e quando o acham, publicam-se como injunção comum, aplicando-se igual e imparcialmente a todos. Assim há muitas razoes pelas quais todos devem-lhes obediência, e em especial porque é descobrimento e dom dos deuses, decidido por homens de sabedoria, o corretor de faltas tanto voluntárias como involuntárias, e estabelecidas por comum acordo da cidade como aquilo pelo qual todo cidadão deve regular sua vida ... (20) O que direi não é novo, engenhoso ou original, mas que sabeis todos como também eu. Por que causa o Conselho se reúne, o que traz o povo inteiro para a Assembléia, o que significam os tribunais, que causa impele os últimos magistrados anuais a ceder voluntariamente o lugar aos seus sucessores e tudo ocorrer de forma a assegurar o bom governo e a segurança da cidade? São as leis, e a obediência geral a elas. Elimina-as, dá a cada um licença de fazer o que quiser, e não só se abolirá a constituição, mas a própria vida se reduzirá ao nível dos animais.

Origem da lei”. Estas são enumeradas por Pholenz como “a antiqüíssima crença na origem divina dos nomoi, uma mais moderna segundo a qual legisladores individuais os instituíram em virtude de sua intuição prática, e finalmente a última e mais largamente aceita, segundo a qual todos os nomoi devem sua existência a um acordo coletivo da comunidade”.

Para a crença na origem divina das leis (que ele chama de "antiquíssima"), Pohlenz faz referências numa nota de rodapé (NGG 28, Kl. Schr. 313, n. 2) de cinco passagens da literatura dos séc. V e IV, mas sem citar, e muito menos discutir, os textos. Lancemos um olhar neles, para ver quão longe estão de indicar uma crença geral na origem divina das leis como tais.

Não precisamos supor que quando Péricles convidou Pitágoras para fazer uma constituição para sua nova colônia de Thurii algum deles tenha acreditado verdadeiramente que ele estaria agindo sob guia divino. [Osório diz: o autor e/ou tradutor confunde Pitágoras com Protágoras!]

O autor do discurso contra Aristógeiton [Osório diz: quem é? Demóstenes!]

Boa lei era dom da providência, comunicado pelas decisões de sábios estadistas, e ratificadas pelo consentimento de toda a cidade.

a escrita que é a memória universal e a mãe da cultura”.

Da riqueza e do luxo [Osório diz: de que fala Péricles na “Oração fúnebre]

A sutil formação do fígado; [Osório diz: a história, envolvendo o fígado e sua regeneração, mostra o avanço que já existia sobre a mediciana desde a antiguidade]

Em breve palavra, podeis saber tudo de uma vez: todas as artes os homens devem a Prometeu. [Osório diz: Protágoras inspirou-se a partir daqui].

Há muitos prodígios, mas nada é mais prodigioso do que o homem. Ele se aventura sobre o mar cinzento quando sopra o vento tormentoso do sul,

Ele aprendeu a fala e pensamentos arrojados e obediência às leis nas cidades

Habilidosas acima do esperado são as invenções de sua arte, e ele avança — ora para o mal, ora para o bem quando cumpre as leis do país e os justos decretos dos céus a que jurou, orgulhoso de sua cidadania. Mas fora da lei é um homem cujo espírito temerário o leva a se associar com a maldade.

O governo da lei contra as pretensões da tirania na pessoa do arauto de Crêon).

[No hino homérico a Hefesto (20.4), os homens viviam em cavernas eute theres até Hefesto e Atena lhes ensinar coisa melhor. Com pephyrinenou cf. ephyron eike panca na passagem de Ésquilo (v. 450).].

mensageiros do discurso,

e viagens marítimas para trocar com outros o que falta ao nosso país.

De gritos sem sentidos e confusos articularam gradualmente formas de discurso, e combinando entre si expressões para cada objeto, …

O mestre dos homens em tudo foi a mera necessidade.

Crítias, ...(Crítias foi assassinado em 403, ...os homens fizeram leis para castigar, para que a justiça fosse governante e fizesse da insolência sua escrava, e quem quer que pecasse fosse punido.

Pura necessidade fez com o que os homens buscassem e descobrissem a arte da medicina.

O tempo,18 gerador e nutriz de todas as coisas.

E é razoável supor que a maioria era de constituição muito fraca e morreu, ao passo que os mais fortes adquiriram mais longa resistência... [Osório diz:Eis o evolucionismo antes de Darwin] Assim do trigo, depois de pôr em infusão, peneirar, moer, amassar, e assar, eles fizeram pão, e da cevada, bolo. Experimentando com muitos outros alimentos deste modo, eles ferveram, assaram.

Pois Deméter, em gratidão pela cortesia que aí recebeu quando procurava sua irmã

Vida que fosse mera subsistência não era digna se ser vivida.

E mais, nem todo país é auto-suficiente. Alguns são pobres, outros produzem mais do que os habitantes precisam, e é um problema para eles, num caso dispor de seus excedentes e no outro importar. Também nesta dificuldade Atenas veio em sua ajuda estabelecendo o Pireu como empório da Grécia, tão abundantemente provido que aí se pode obter tudo o que em qualquer outro lugar seria difícil comprar.

Eles são os inventores de leis, pelas quais nossa vida comum se mudou de existência selvagem e iníqua para sociedade civilizada e justa.

Afirma que o povo ateniense tirou homens de estado semelhante ao dos animais, admitiu-os aos mistérios, e deu-lhes o benefício da agricultura, das leis e da civilização. (p. 82). (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 69-76, 78-82).

 

 

 

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41.4 – Funcionários públicos – surgimento (início).

 

Nos diz Guthrier:

 

...Sólon (que foi o primeiro a introduzir o princípio de nomear funcionários públicos por uma combinação de eleição e sorte) [Osório diz: Política]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 23).

 

 

 

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(uma biografia do conhecimento)

 

41.3 – Fragmentos e a dificuldade de e em contextualizá-los.

 

Nos diz Guthrier:

 

Esta é a opinião de larga maioria de estudiosos. Para resumo das opiniões v. Untersteiner, (Sophs. 72, n. 24, que concorda com isso, e Havelock, L. T. 407-9, que não concorda; também O'Brien, Socr. Paradoxos, 62s. Aos que estão em favor pode-se acrescentar Heinimann, N.u. Ph. 115, Schmid, Gesch. gr. Lit. 1.3.1, 17, n. 10, Versényi, Socr. Hum. 23, e Bignone, Studi 22, n. 2; aos que estão contra, - Capizzi, Protagora, 259. Cf. também von Fritz em RE XLV. Halbb. 917.

A oposição de Havelock é até certo ponto baseada na questão retórica (L. T. 88): "Por que... devia um gênio ter a preocupação de propagar em seus próprios escritos um sistema já em circulação e definido por representante de escola de pensamento de que desconfiava?", que por sua vez se apóia em § sua crença geral de que "nenhum filósofo em são juízo teria a preocupação de relatar com fidelidade histórica idéias que ele não pode aceitar" (p. 165). O que ele faz é uma "análise crítica" delas. Não se explica como alguém pode propriamente criticar idéias sem ter a preocupação de primeiro relatá-las acuradamente. E possível pensar melhor da filosofia do que isto. Os livros da excelente série Pelican de estudos históricos de filósofos individuais do passado são escritos por filósofos ativos que com certeza não subscreveriam todas estas visões de seus temas. A uma pergunta retórica costuma-se responder com outra, neste caso a de M. Salomon (Savigny-Stift, 1991, 136): "Que interesse pode ter tido Platão, que fala de Protágoras com tão pouco respeito, em impingir sobre ele ideias que distorceriam e falsificariam nossa representação dele?"

A questão foi exaustivamente discutida, e não há interesse em reabri-la. Dois argumentos contra a autenticidade podem-se descartar de imediato: (a) inconsistências internas, pois, um exame do conteúdo mostrará que não há nenhuma que seja séria; (b) a alegação de que é uma paródia ou distorção visando desacreditar o sofista, pois uma leitura com mente aberta do mito e do logos que o segue deixa alguém apenas com sentimentos de profundo respeito por seu autor.” (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 65).

 

Osório diz: “escassos fragmentos”! "Mas fragmentos que são dedos de gigante", nos diz Otoniel Mota em sua obra “O lirismo grego”, p. 11.

 

 

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